quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Cemitério de coisas totalmente inúteis.

Todos tem em casa algum cemitério de coisas totalmente inúteis. Isqueiros descartáveis vazios, passagens usadas de ônibus em viagens intermunicipais, propaganda de hotéis, cartões de visita de lugares que visitamos e nunca utilizamos e não utilizaremos, pois não vamos voltar aos lugares onde eles nos seriam úteis. Conheço pessoas que guardam botões, outras cinzeiros quando a muito deixaram de fumar. Conheço poucas pessoas que usaram os fósforos daquelas caixinhas de papel, onde se destacam os palitinhos. Todas as caixinhas são guardadas cerimoniosa e cuidadosamente. Poderíamos montar outro blogue sé de inventários de inutilidades e guardados. São coisas que em algum momento exerceram um certo fascínio e depois não conseguimos nos livrar delas. Notem das coisas que nunca jogamos fora, quando da faxina, são postas de lado, e depois guardadas e esquecidas. Falo de pequenos objetos, como um canivete que nunca saiu da caixa de presentes.


Penso que nosso cérebro deve ter em algum lugar reservado com todo cuidado, um cemitério destes. As pessoas normais, em seu privilégio, com o tempo se esquecem completamente destas bobagens. Aos poetas a quem não é dado o dom de esquecer, estas coisinhas vão atormentando de tal modo, que acabam se materializando como verbo. Como verso que ninguém mais entende, que cheira a poeira de guardado. De mofo de livro, que cheira a osso velho, a morte antiga. Daí estes poemas que tem patas de inseto mumificado, de flor seca em meio a um livro. Não importa a trágica página em branco que o imprima, já vem com o ranço de amarelo, turva a visão em sépia.


Muito de minha poesia tem destas coisas desagradáveis. Foi meu amigo poeta Jorge de Barros que me alertou sobre estas extravagâncias. Poetas, como nos fala Octávio Paz, são nostálgicos de um tempo que não existe. Há um hiato entre a realidade que serve para todos e a vivência do poeta. E todos passam por isso, do mais banal derramador de ego lírico, erigindo odes a si mesmo, até o mais hermético dos surrealistas, ao modernoso poeta de invenção, ou seja o termo que inventarão agora para justificar a criação do grupelho que domina a técnica, a forma e a verdadeira poesia.


O que de fato importa, é que todos queríamos viver em Passárgada, ouvindo Manoel Bandeira declamar seus versos em voz rouca entre uma tosse e outra. Nada dá mais vida ao poema do que a voz do poeta, por pior leitor que este seja.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Quando a Lua estiver na sétima casa

Este texto está sendo escrito com um grande atraso, meu objetivo era escrevê-lo dia 14 de fevereiro de 2009, no entanto foi tomado pela indolência do autor e sua urgência em brincar com o neto. Ai somaram-se, um churrasco para homenagear meu amigo Eduardo Erikson, o Dú, e algo em torno de algumas cervejas e meia garrafa de tequila. Depois, como sou “San Lunes”, não produzo nada de útil às segundas–feiras, portanto só agora me coloquei a escrever.

O porque do dia 14 de fevereiro do ano de 2009: é que nesta data do calendário gregoriano, ocorre um alinhamento astrológico descrito pela música “Aquarius”, da peça e do subseqüente filme “Hair”. When the Moon is in the seventh house/and Jupiter aligns with Mars.Then peace will guide the planets/and love will steer the stars”. Na tradução da artista plástica Sarah Helena, "Quando a Lua estiver na sétima casa/ e Júpiter se alinhar com Marte/ Então a paz guiará os planetas/ e o amor dirigirá as estrelas". Aliás, foi um telefonema da Sarah Helena, que por obra do “grande acaso”, o mais belo dos deuses, também é minha filha, que me alertou para o alinhamento. Acho que quando ela era pequenina, a fiz ouvir demais uma versão desta música. Seu cérebro foi contaminado por toda esta esperança anárquica e socialista romântica.


De qualquer maneira quase a efeméride em questão foi esquecida até por mim. Esta data já foi muito importante no passado, pois era esperada como a grande conjuração de energias da “New Age” ou “Novo Aeon” como Raul Seixas popularizou no Brasil. Mais tarde a expressão “New Age” foi banalizada com uma forma de música “técno” e eletrônica, e por grupos que descobriram no desespero humano uma forma de fazer fortuna. À maneira dos tele-evangelistas, os profetas da NOVA ERA, prometem soluções milagrosas aos problemas e principalmente prosperidade financeira aos neófitos. Sempre ao preço de um dízimo polpudo, podem desvendar o “segredo”.

A “Era de Aquário” começou e não vejo a menor possibilidade de que nossos sonhos juvenis se realizem. A paz entre os homens, o amor ilimitado, o fim da propriedade privada e a valorização da posse coletiva do mundo. O que podemos constatar é que continuamos lutando, mas a vitória não se vislumbra. Os anos de 1967 e 1968 do século XX, foram um farol que iluminou o mundo. Mas se apagou na mesma intensidade que se ascendeu. (Existe uma certa revista que não vou citar o nome que até minimizou os fatos históricos ocorridos.)


Hoje mais que em qualquer outra época, o único deus viável é a posse de bens materiais, e em forma de pecúnia, que é a das mais ilusórias formas de posse. Basta um governo quebrar, e isto pode acontecer a qualquer momento, (vide a crise que passamos) e um monte de dinheiro vira um monte de papel sem valor. Assim como ações, debêntures, ou qualquer nome que esta coisa satânica venha a ter. Os visionários dos anos 1960 venderam seu lugar na primeira fila para ver o fim do mundo. Os mais espertos devem ter feito como a “Al Quaeda” e compraram diamantes sangrentos de Serra Leoa. É possível que com o fim da civilização e da espécie humana, não tenham para quem vender, mas diamantes são para sempre.


Nos dias que se passam, só os pragmáticos é que podem e conseguem prosperar. Os românticos e criadores de utopias estão passando. As jovenzinhas estão “cagando e andando” para as convicções de suas avós que queimaram sutiãs em praça pública, e vendem sua beleza a troco de uma mínima exposição à mídia. A dignidade da mulher passou a contrariar o filósofo Kant, passou a ter preço, e nem é tão caro assim. A mulher folhetim cantada pelas “maluquetes” doces bárbaras da Betânia e Gal, ficou muito cara. Ela queria amor e carinho além de uns panos coloridos. As moças da atualidade aprenderam a obter seus orgasmos sozinhas, e usarem seus corpos na mais perversas das prostituições. O corpo não tem a menor importância como fonte de prazer, o órgão sexual do homem moderno são os olhos. A mulher bonita é aquela mais fácil de ser retocada nos programas de informática para desenho e seus nomes complicados, e que se repeti-los aqui estarei fazendo propaganda. Tudo passa a ter valor monetário, os valores humanos não tem a menor importância. Existe toda uma grita na mídia. Os jornais pedem soluções das autoridades. Mas no fundo no fundo, todo mundo quer sua parte em dinheiro, e de preferência em ouro, que é convertível em qualquer parte do mundo, além do fascínio que exerce desde o princípio dos tempos. Ou pelo menos desde o tempo do reino da Lídia. Acredito que no princípio dos tempos mesmo, o que fascinava as pessoas era um boi inteiro no espeto, um teto sobre suas cabeças e as tribos inimigas com tanta fartura quanto nós, assim não haveria guerra.


No meio de tudo isto, vive em ambigüidade, aquele que aqui escreve. Embora tocado com vara de gado como todos os mortais. (Preciso de emprego, carteira assinada, pagar as contas do cartão de crédito, por gasolina no carro, consertar o pobre coitado, que já anda queimando óleo 40.) Meu caminhar é trôpego. Mas tenho uma tendência estranha de querer tomar o caminho da esquerda, quando desde 1989 todos rumam para a direita. Tomar banho na outra margem do rio. Ficar quando todos partem. Ir quando se fixam. Tenho o hábito de chorar sozinho lendo Mario Quintana. E de chorar abertamente quando sofre uma criança. Embora não tenha esperança nenhuma que as coisas possam se ajeitar, de me sentir vencido pela ignorância humana, não consigo deixar de acreditar em minhas utopias.


Como já confessei um dia ao poeta Zhô Bertolini, falo de desesperança, mas me traio o tempo todo escrevendo poesia.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O poder de penetração da mídia chamada novela.




Fico assustado com o poder de penetração da mídia chamada novela das oito, que afinal nem começa mais as oito horas da noite em ponto, horário nobre dos anos de ouro da tevê brasileira, onde a Rede Globo era a voz da nação. Questões que estão mortas como assunto há muito tempo, ou que se entabulam contendas por décadas, são apresentadas como novas, gerando polêmicas e altas discussões nos cabeleireiros, portarias e botequins. Problemas éticos profundos são resumidos a simples promovedor de audiência, sujeitos a uma “opinião pública” questionável em suas razões e formação intelectual. Não vou dizer formação acadêmica, pois acúmulo de conhecimento e informações nem sempre se faz em escolas. Além da preferencial necessidade que a escola seja um produtor de conteúdos (o que nem sempre acontece), hoje cada vez mais, a informação deve e pode ser buscada em inúmeras fontes, e não estou falando apenas de buscadores da Internet, existem ainda por incrível que pareça: livros, jornais e revistas impressos. Sebos e bibliotecas são o principal reduto destes objetos. Qualquer um que faça parte dos 25% da população realmente alfabetizada pode buscá-los como fonte. O vácuo de discussões na academia faz do Brasil o paraíso dos propedeutas e autodidatas. O boteco, e agora mais tardiamente a igreja evangélica, são os depositários da inteligência nacional.

Recebi alguns e-mails alarmistas desde o início da nova telenovela da Rede Globo, “Caminho das Índias”, onde a emissora espertamente utiliza no título uma lição de história dos nossos primeiros livros, mas não recuperam a memória do glorioso Bartolomeu Dias que abriu o caminho para as Índias (e de quebra descobriram o Brasil no processo). Uma destas mensagens eletrônicas alertavam para tomarmos cuidado com a visão idílica que a novela dava da Índia, e depois desfilam uma série de fotos descontextualizadas onde mostram situações de miséria e outras que não bem explicadas soariam macabras. Outra mensagem, mais complexa, nos conclama a rezar pelas almas do dalits ou “intocáveis”, que segundo o e-mail se livrariam da servidão e da perseguição de casta se convertendo ao cristianismo.


Há um choque cultural bem evidente nestas mensagens, a nossa cultura é tributária da cultura indiana, existem palavras do sânscrito em nossa língua (açúcar deve ser a mais utilizada), existem muitos alimentos e costumes indianos sincretizados em nossos costumes. Enquanto o Brasil ocidentalizado existe a quinhentos anos (e destruímos quase totalmente as culturas anteriores à isto), a Índia é uma cultura milenar, só comparável à chinesa em riqueza de detalhes e longevidade. Mostrar cultos funerários de um povo sem dar as devidas explicações sempre vai soar grotesco. Animais comendo lixo é comum em nossos centros urbanos, só não há muitas vacas, que aqui não sendo sagradas seriam devidamente devoradas. Confusão urbana podemos exportar, aliás, nossa banda pobre e inculta já foi comparada à Índia, havia a expressão Belíndia, sendo que a parte rica era a Bélgica, em um claro preconceito social e etinocentrista.


O mais complicado é o correio eletrônico a que se refere aos “dalits”, “intocáveis”, ou párias, que em português passou a dar nome a todos os excluídos da sociedade. Pensando muito bem, poderíamos adotar o nome de párias aos moradores de rua brasileiros, por exemplo, com uma diferença fundamental: o preconceito no Brasil tem origem social, muito disto é herança da nossa sociedade ainda presa a idéias escravocratas, nossos párias comumente são negros e descendentes diretos dos antigos escravos. Por mais cruel e inconcebível seja a relação negro versus pobreza, nada se compara ao peso de um preconceito de casta. No Brasil temos uma forte permeabilidade entre as classes sociais. Em uma sociedade de castas isto está longe do possível. Você nasce em uma casta, morrerá nela, e toda a sua geração, portanto seus filhos netos e o que mais vir. O casamento entre castas é inconcebível, e as relações profissionais estão também relacionados à casta, sendo os párias a base da pirâmide, a que suporta o peso de todo o preconceito e intolerância da sociedade. Em um povo sem iniciativa pessoal e individual, funciona, nas sociedades ocidentais esta relação perversa gera a criminalidade.


Vista de dentro para fora, nos parecerá cruel, mas não é menos cruel que a nossa relação com os pobres e subalternos, podemos chamá-los de “invisíveis”, pior do que não poder ser tocado, é não ser visto (Existe uma pesquisa e tese de mestrado do psicólogo Fernando Braga, que gerou o livro “Homens Invisíveis: Relatos de uma Humilhação Social” da Editora Globo.). Há tal menosprezo por certas profissões que se não fôssemos uma República democrática e de estado de direito (mesmo que torto) não haveria por aqui uma relação muito diferente que a relação de casta. Some-se a isto tudo o fato de estarmos sob o fardo do capitalismo, que perverte e precariza as relações de trabalho. Os explorados o serão de uma forma abominável no interior da Índia, China, América do Norte ou no Brasil. A relação explorador / expropriado acontecerá onde se permitir isso. Como o e-mail nos conclamava a orar para que o párias se convertessem ao cristianismo, não deixei de reparar com certa ironia, que nas Américas o cristianismo amansou o ímpeto guerreiro das nações conquistadas e posteriormente, demonizou a religiosidade dos negros escravos e seu desejo por libertação. Não vejo como os nossos irmãos oprimidos da Índia poderiam obter alguma vantagem em renunciar sua religiosidade ancestral, uma vez que não é só a religião que gera a opressão e exploração, mas sim o capitalismo mundial globalizado, que amplifica as precárias relações culturais destas sociedades. Isto sem dúvida lhes criaria mais problemas, pois além de tudo o que sofrem, seriam perseguidos como minoria religiosa também.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Única realidade realmente palpável.



A amiga e poeta Beth Brait Alvim me manda um e-mail colocando sua indignação em relação às políticas culturais equivocadas e distantes da realidade e das pessoas, que têm sido perpetradas em nossos municípios brasileiros. Totalmente pertinente, o texto talvez não dê conta de um aspecto, os lugares onde há uma política equivocada sopra-se uma esperança que isto possa ser mudado. Existe na verdade em nosso país uma ausência de políticas culturais nos municípios, há um preconceito em relação à cultura enraizado em nosso pensamento, o de que cultura é uma coisa de elite, para poucos, ou mais terrível ainda, é algo praticado por um grupo social distinto. Quando na verdade a cultura é um pouco maior que isto.

Existe toda uma cultura popular enraizada nas pessoas, mesmo que elas não se dêem conta disto. Falo da experiência pessoal que tenho com a poesia. Vi pessoas que saiam do analfabetismo despontando para a letra escrita, colocando suas vidas no papel, troando uma rima popular que vem de suas raízes. Pessoas que sem se dar conta são poéticas em seu linguajar, e de encontro com a palavra grafada sobre o papel, se viam na contingência de escrever, mais e mais. Alguns certamente me dirão que isto não é literatura, não é poesia segundo a escola tal e tal. Ao que respondo que quem diz que uma coisa é poesia ou não, é a própria poesia. Estas pessoas são poetas enclausurados na ausência do verbo. Suas vivências já o tornaram poeta, quer pelos olhos profundos, quer pela maneira sui-generis de encarar a vida. De ler a chuva nas nuvens. De observar o passo dos insetos. De saber o nome de todas as coisas, que se mexem e que estão paradas. Coisas estas que só em sua enumeração já consistem em um poema. Nós os que tiveram o privilégio de estudar desde a mais tenra idade, não somos donos da verdade. Talvez nem arranhemos a sua superfície. O preconceito social no Brasil, cria espaços de ausência de conhecimentos, que nunca serão reparados, estas pessoas estão morrendo por conta de sua idade, e seus conhecimentos se perdem para sempre.

O próprio conceito de analfabetismo deve ser revisto, sociedades que não possuíam a palavra escrita foram relegadas ao ostracismo e suas culturas não foram consideradas pelo ocidente colonizador e auto-proclamado detentor do conhecimento. Quando hoje o conceito que se desponta são de sociedades ágrafas, que se utilizavam de outros meios tão eficientes quanto a escrita para perpetrar seus conhecimentos, a poesia é uma delas. A repetição de seus preceitos varou o tempo e o espaço, as religiões afro-brasileiras são uma prova da capacidade destes meios de criar uma permanência. Segundo as elites do princípio do século XX e sua cultura eivada do positivismo, haveria uma cultura superior às outras, equívoco que justificou a opressão e aniquilação de sociedades inteiras, da diluição e destruição destas culturas e por que não das pessoas também.

Este pensamento positivista ainda não morreu, seu determinismo-social e darwinismo-social, que em um momento da história criou o fascismo e o nazismo, entre outras pérolas do engenho humano. Este pensamento ainda está presente, quer no comportamento de certos educadores, quer na linha editorial dos grandes meios de comunicação de massa. Hoje o perigo não são as canhoneiras e exércitos imperiais invadindo a vida tribal. O perigo atual, compramos à prestação nos grandes magazines, este se chama televisão. O que seria um poderoso instrumento em favor da cultura e da educação, é seu maior destruidor. O equipamento em si não tem esta responsabilidade, mas o uso que se faz dele. E, principalmente, nas mãos de quem se encontra o controle de seu conteúdo, não se enganem com esta “conversa para boi dormir” do mundo ocidental, de que é a opinião pública. O controle está nas mãos de grupos muito pequenos, que por uma questão de ideologia capitalista, quer a massificação do gosto e da cultura. Aquela pouca que sobrou das conquistas coloniais.

O que nos resta é utilizarmos da anarquia permitida na Internet (não sei por quanto tempo), embora existam outras “mídias” alternativas, criar nossos próprios conteúdos, e fazer um “marketing de guerrilha”, agora mais do que nunca, o uso de mídias radicais é imprescindível. O que me dá ainda esperanças, é que o gênero humano é extremamente adaptável às condições do meio ambiente. Haverá o momento em que de alguma forma a ferramenta de nossa opressão será utilizados por nós. A cada um de nós cabe nos organizarmos em nossas bases. Se a política cultural de nossos municípios não nos satisfaz, devemos interferir no espaço público, que não nos é dado de graça, é nosso por direito e devemos dispor dele. Devemos também nos desvestir de nossos preconceitos e admitir que outras pessoas fazem também cultura, e por nosso conhecimento prévio e histórico de lutas, devemos dar-lhes não só oportunidade, assim como, dividir nossos conhecimentos.

Acima de tudo, para resistir devemos produzir. Por mais que nos desanimemos às vezes, devemos dar voz à poesia e ao outro que fala dentro de nós. Quem sabe esta não seja a única realidade realmente palpável: a de que criamos o mundo conforme o escrevemos.