terça-feira, 28 de julho de 2009

Quinta Poética - 30 de julho de 2009 - Casa das Rosas




Escrituras Editora

e

Casa das Rosas convidam para a



QUINTA POÉTICA



com os poetas convidados

José Geraldo Neres (anfitrião), Edson Bueno de Camargo, Marcelo Ariel, João de Jesus Paes Loureiro e o jovem poeta Jorge de Barros. Participação especial do músico Henrique Crispim, do grupo Percutindo Mundos, Kiusam de Oliveira e Marcello Santos.



Quinta-feira, 30 de julho de 2009

a partir das 19h



Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos

Av. Paulista, 37 - São Paulo/SP

Próximo ao metrô Brigadeiro.

Convênio com o estacionamento Patropi - Alameda Santos, 74

Informações: (11) 5904-4499

è Próxima QUINTA POÉTICA: 27 de agosto de 2009, quinta-feira, às 19h, na CASA DAS ROSAS.

Saiba mais sobre o evento e os convidados:



Quinta poética

Mensalmente, a Casa das Rosas abre suas portas para a Quinta Poética, um grande encontro dos amantes da boa poesia, com a presença de poetas convidados e de um jovem poeta, que tem a oportunidade de apresentar seu trabalho. Grandes nomes da poesia, como Álvaro Alves de Faria, Beth Brait Alvim, Carlos Felipe Moisés, Celso de Alencar, Contador Borges, Eunice Arruda, Floriano Martins, Hamilton Faria, Helena Armond, José Geraldo Neres, Raimundo Gadelha, Raquel Naveira, Renata Pallottini, Renato Gonda, entre outros, já estiveram presentes nesses encontros, que são promovidos pela Escrituras Editora e a Casa das Rosas.


Os poetas:

José Geraldo Neres (anfitrião) (Garça SP, 1966) - Poeta, ficcionista, roteirista, autor dos livros Outros silêncios, (poesia, Escrituras Editora, 2009), Prêmio Programa de Ação Cultural - ProAC - Concurso de Apoio a Projetos de Publicação de Livros no Estado de São Paulo, 2008 e Pássaros de papel (Projeto Dulcinéia Catadora, edição artesanal, SP, 2007). Atua na área de Gestão Cultural, como produtor cultural, arte-educador, ministrando oficinas literárias, ênfase em criação literária e estímulo à leitura.



Edson Bueno de Camargo nasceu em Santo André (SP) em 1962 e mora em Mauá (SP). Publicou: De Lembranças & Fórmulas Mágicas (Edições Tigre Azul/FAC Mauá 2007); O Mapa do Abismo e Outros Poemas (Edições Tigre Azul/ FAC Mauá -2006), Poemas do Século Passado-1982-2000 e participou de algumas antologias poéticas. Participa do grupo poético/literário Taba de Corumbê da cidade de Mauá - 1º lugar nacional - 4º CONCURSO LITERÁRIO DE SUZANO – Categoria Poesia (2008) e 1º lugar do PRÊMIO OFF-FLIP DE LITERATURA 2006 – categoria Poesia.



João de Jesus Paes Loureiro - é poeta, prosador e ensaísta. Nasceu em Abaetetuba, Pará, às margens do rio Tocantins. É professor de Estética, História da Arte e pesquisador da Cultura Amazônica. É mestre em Teoria Literária e Semiologia pela PUC de Campinas e doutor em Sociologia da Cultura na Sorbonne, em Paris, com a tese Cultura amazônica: uma poética do imaginário. Sua obra Altar em Chamas (Civilização Brasileira) recebeu o prêmio nacional de poesia da APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte em 1984 e Romance das Três Flautas, edição bilíngüe português/alemão (Roswitha Kempf Editora) foi finalista do Prêmio Jabuti em 1987. Suas obras mais recentes são: Pássaro da terra (teatro, 1999), Obras reunidas (4 volumes, 2000), Do coração e suas amarras (2001), Fragmento/Movimento (2003), todos publicados pela Escrituras Editora, e Au-delà du méandre de ce fleuve, Acte-Sud, França (2002). Site: www.paesloureiro.com



Marcelo Ariel é escritor e dramaturgo. Nasceu em Santos (SP) em 1968. Autodidata, mantém desde 1988 um sebo itinerante chamado O Invisível. Publicou, pelo Coletivo Dulcinéia Catadora, o livro Me enterrem com a minha ar 15 e, pelo selo LetraSelvagem, o Tratado dos anjos afogados e O céu no fundo do mar também pelo Coletivo Dulcinéia Catadora. Blog:www.teatrofantasma.blogspot.com



Jorge de Barros (jovem poeta) tem 29 anos, nasceu em Santo André (SP), mas, conforme os costumes nordestinos, seu “embigo” foi enterrado no terreiro de casa em Mauá (SP). Formado em Letras, leciona há seis anos. É também blogueiro, cineclubista, contista, sindicalista e estudante de Ciências Sociais. Comete versos já há algum tempo, mas vem fazendo isso publicamente no ooficiodoocio.blogspot.com



Henrique Crispim é músico, compositor, poeta e atua no Grande ABC há mais de 8 anos. Participa do Clube Caiubi de Compositores, tendo se apresentado nos Festivais Internacionais da Canção em São Paulo. Recebeu o Prêmio Cantores de Andrade e menção honrosa no Mapa Cultural Paulista em 2005 e 2006, nas categorias de Canto Coral, como regente e defendendo suas canções. Coordena o Grupo Pierrot Não é Palhaço e está produzindo o CD de seu trabalho solo intitulado o Livro de Krisna, Cristo e Dionísio, que traz parcerias com compositores e poetas da região, como José Geraldo Neres e Cláudio Willer.



Percutindo Mundos é um projeto experimental de música contemporânea caiçara que trabalha com o universo da percussão, poesia e filosofia. As composições obedecem a uma linha de percussão melódica, minimalista e tribal, refletindo a condição humana e suas relações entre ancestralidade e contemporaneidade. Márcio Barreto (composição, luthieria, voz, percussão, flauta, escaleta, rabeca), Fernando Santos (percussão), Paulo Infante (voz, percussão), Thais de Freitas (voz, percussão), Galeno Malfatti (luthieria, percussão).



Kiusam de Oliveira (Santo André - SP, 1965) - Pedagoga, bailarina, coreógrafa, Doutora em Educação e Mestre em Psicologia (USP). Atua como gestora pública na Secretaria de Educação de Diadema, arte-educadora ministrando oficinas sobre empoderamento feminino a partir da pedagogia da afrodescendência através da Dança Mítica dos Orixás. Especialista nas temáticas racial e de gênero e autora da coleção infanto-juvenil "Omo-Obás: Histórias de Princesas", Mazza Edições (no prelo).



Marcello Santos – etnomusicólogo da Caravana Cultural (Ceará) - caravanaculturalce.blogspot.com

Escrituras Editora

Rua Maestro Callia, 123 - Vila Mariana
04012-100 - São Paulo - SP - Brasil
Novo telefone: (11) 5904-4499 (Pabx)

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quinta-feira, 23 de julho de 2009

Literatura, por quê?

Outro texto reciclado e adaptado de 2005, que é pertinente às nossas atuais discussões.


Ninguém é absolutamente sábio que tenha o domínio de todos os conhecimentos o tempo todo, ninguém é absolutamente tolo, para não aprender da forma qual for ou ensine a partir de suas experiência pessoais.


Há uma tendência inevitável de compararem-se linguagens literárias, literatura e teatro no nosso caso, porque o teatro tem reconhecimento internacional e coisa e tal, isso pode desembocar num tipo de engano. Literatura e teatro têm virtudes e vicissitudes, são artes de naturezas distintas, e interessados também distintos, embora e não raramente, existam pessoas que transitem pelas duas Artes.


O teatro trabalha com um volume de público relativamente grande para a sua fruição, tem necessidade de grandes espaços, trabalha com a ilusão em nossos jovens que ao se tornar um grande ator, entrará num mundo de riqueza e badalação, muitos enxergam no teatro o caminho para o sucesso pessoal e profissional dentro da televisão, não que haja algum pecado nisso, mas por conta disso o teatro abre em vantagem junto a um volume maior de assistentes e pessoas interessadas.


A literatura por outro lado, muitas vezes é um exercício de solidão, raro o poeta ou escritor que consegue produzir em meio a um grande público, são necessárias doses de solidão, estudo e meditação, sem que isso signifique que o poeta deva se isolar do mundo existencial. O tempo da literatura é outro, são necessários muitos anos para que um texto ou poema atinja um grande público, e no caso de países com problemas de letramento de sua população, como é o Brasil, este tempo pode se tornar ainda maior. Isso não tira da literatura a virtude de ser o aspecto cultural que conte de fato a história de um povo. A Grécia Clássica se perderia no tempo e no espaço como se perderam tantas outras culturas, se não fosse um Homero e sua Ilíada, Sófocles e seu teatro, sem falar dos pais da civilização ocidental, Platão e Aristóteles, que colocaram em letras as palavras de seu mestre Sócrates e dos fragmentos maravilhosos da lírica de Safo.


O Grande ABC é extremamente pródigo em escritores, mas muito pobre em pessoas que queiram assumir a sua história, quase todos estão voltados para fora, muitos até negam a existência de uma literatura própria da região, recusando-se a serem aqui localizados e esforçando-se para serem reconhecidos como paulistanos.


Devemos buscar também nas narrativas populares nossa fonte de inspiração, criar grupos de excelência para tornarem-se referência. Temos que tomar o cuidado de não cair em aspectos tecnicistas que vêem o mundo e as coisas apenas pelos aspectos práticos, devemos nos contrapor ao mundo que vê tudo com uma etiqueta de preço. Octávio Paz fala que a poesia, que podemos transferir com exatidão para a literatura e a arte, é a alma existente e viva de um povo, vai mais além, afirma que a civilização humana não sobreviverá ao fim da poesia. A Taba de Corumbê talvez esteja fazendo o malogro de gritar para o deserto vazio, não colheremos os frutos de nosso trabalho, mas se persistirmos veremos a transformação do mundo em algo melhor, preparamos o caminho e o banquete para os que estão por vir, prova cabal disso é hoje o convívio sem conflitos e de forma fraterna de pessoas de pelo menos três gerações diferentes, se não de quatro, onde adolescentes trocam informações e conselhos de forma igualitária com pessoas de terceira idade.


Nos últimos anos temos ouvido falar em cultura pública a palavra “descentralização” como se esta fosse a panacéia, a cura para todos os males. Ora não vamos negar os possíveis benefícios que a distribuição de aparelhos púbicos e cultura e lazer podem trazer para a periferia das grandes cidades, todo equipamento e espaço público novo é bem vindo, só que isso não pode ser realizado ao custo do desaparelhamento dos centros, da extinção de trabalhos que já estão dando certo. Temos que tomar o cuidado de não repetir conceitos de apartheid cultural e cultura de guetos tão comum aos países de colonização anglo-saxônica, que não convém e não trarão benefícios à nossa já sofrida população. As pessoas e em especial os jovens afluem quase que naturalmente aos centros das cidades em busca de lazer, cultura e diversão, dadas certas distâncias, é mais fácil tomar a condução coletiva e desembarcar no centro do que o fluxo entre os bairros, uma ação descrentalizada está fadada a influenciar e beneficiar somente o em torno imediato do equipamento ou ação. Pior ainda poderá transmitir a falsa idéia, que a periferia é seu lugar, negando-lhe psicologicamente o acesso aos espaços públicos centrais, criando uma sensação de não pertencimento, colocando em cheque o próprio conceito republicano de estado laico, de todos para todos.

Teatro versus poesia.

Estou reciclando um crônica que escrevi por ocasião da Oficina - Poéticas da Oralidade ( muitas saudades) na Escola Livre de Literatura de Santo André, uma vez que surgiu uma conversa semelhante na reunião do dia 8 de julho da Biblioteca Municipal de Mauá, sobre a insistência de algumas pessoas em afirmar que o Teatro engloba todas as linguagens artísticas, com o que não concordo.



Teatro versus poesia.

"A ciência é grosseira, a vida é sutil, e é para corrigir essa distância que a literatura nos importa."
(Roland Barthes)

“Pois me esculpi
Da carne de teu coração”
Else Lasker- Schüler

Existem questões que nunca serão resolvidas, uma delas é eterna discussão entre poetas e dramaturgos. Duas modalidades que usam a palavra escrita como ferramenta e linguagem e que por falta de classificação própria estão, digamos assim, incluídas na literatura. A construção do roteiro de um filme e ou a escritura de uma peça de teatro sempre tem que se ater a exeqüibilidade da ação dos atores, dos figurinos, do espaço cênico, da angulação da câmera, além de que o texto tem sempre um intermediário entre o autor e o público, o ator. A poesia não obedece regra alguma, sua construção é quase sempre anárquica, quanto mais o poeta se liberta de regras específicas, mais coerente com o poético fica o poema. O poeta e o dramaturgo querem chegar ao mesmo lugar, mas seus caminhos são diferentes, se uma peça de teatro obedece a uma certa lógica, o poema pela proximidade excessiva com a poesia, é tomado pela analogia, sua linguagem é uma conversa com o subconsciente e nem sempre o poeta é dono do seu texto, o poema tem uma linguagem própria, que visitará os meandros da incoerência. O dramaturgo mesmo eivado da poesia, terá que domá-la, formatá-la ao tempo da peça, a obra lhe toma mais tempo e exige um trabalho de carpintaria, existe uma luta permanente em capturar a poesia, dar-lhe forma e não matá-la. O dramaturgo caminha na beira do abismo, o poeta mergulha nele.

Na avaliação do sarau de Todas as Fomes (20/05/2006), talvez o que se estabeleça é um pouco da discussão das linhas teatro versus poesia, o diretor de teatro entende que o público tem que ser respeitado, o que está absolutamente correto, onde o poeta acredita que o público deva se preparar para a individuação que se estabelece quando se lida com a poesia. O estado poético implica em determinados estados de espírito, mas ninguém é obrigado a entrar para a religião da poesia. Atuar exige preparação e conhecimento, poetar exige contato com seu próprio âmago, naquilo que o ator é muito bom, que é o transito entre o transe e a ação, o poeta é deficiente em sair de seu próprio transe. Como não existe nenhuma verdade absoluta e entre uma maneira de ver e a outra existem diversas gradações, o que precisamos encontrar é um botão de sintonia fina, um dial para regular o possível, nossa necessidade e nosso sonhar. Devemos nos desvestir de nossas vaidades, e no processo da humildade, salvar o público dos poetas, para que o sarau não se torne chato e maçante e impedir que os diretores de teatro não dominem a cena não o tornando um grande espetáculo, com muita ordem, profissionalismo e coerência, fazendo com que a poesia fuja pela porta dos fundos.

Dois fatos se determinaram dignos de nota nesta segunda-feira fria e garoenta, a invasão ruidosa de um doido ( o que não é necessariamente problema) que queria por toda a lei monopolizar a atenção ( isto é um problema) e a maneira firme e decidida com que a Mônica resolveu o problema. Entrar em uma festa sem ter convite, ser bem recebido e ainda assim não respeitar o ambiente, a porta da saída é o seu caminho natural. Outra é a determinação do Carlos que não me convidaria para participar de seu grupo de teatro, ganhei o meu dia, não tenho a pretensão de fazer parte de um grupo de teatro, nada contra as pessoas que atuam nesta área, mas para o bem do próprio teatro o ideal que continue a minha pessoa a só fazer mal à poesia.

Poéticas da Oralidade - Casa da Palavra – 22/05/2006 – E.L.L - Ano 3

terça-feira, 7 de julho de 2009

Encontros de Cultura – Mauá – SP - 2009



Vai acontecer dia 08 de julho de 2009 as 18h00 na Biblioteca Municipal Cecília Meireles de Mauá-SP um Encontro de Cultura juntando a Coordenadoria de Cultura de Mauá e os produtores de Cultura da cidade. A reunião é aberta e todos que tiverem algum comprometimento ou curiosidade sobre a Cultura da cidade, podem e devem comparecer.

Já aconteceu um primeiro encontro no dia 1º de julho e foi muito rica a discussão, mormente a fogueira de vaidades que é conversar com artistas. Houve muita sinceridade por parte dos representantes do poder público. Faltaram algumas linguagens e o Teatro foi super-representado. Normal nestas reuniões. A Taba de Corumbê marcou sua presença.

(Quarta, 08 \07\2009, ás 18h00)

Biblioteca Municipal Cecília Meireles

Rua Rio Branco, 87 - 1º Andar –

Centro - Mauá - SP

Telefone:. 4547-1483

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Claustrofobia e suicídio.














Às vezes tenho que fugir de casa, corre pelas veias um desejo de sumir no mundo, a casa me sufoca, começa a me esmagar por dentro. Tenho uma porta estratégica na cozinha, para ficar no corredor sem o teto sobre a cabeça. Fico me imaginando se conseguir ficar mais velho (o que não pretendo), tornarei-me um daqueles cidadãos fujões, que perambulam por ai, e a família colocando cartazes nos postes, “velhinho de estimação perdido, criança doente”.


A casa nova, foi construída pensando em arejamento. Às vezes todo ar, não é suficiente. Em outros momentos vou para o quintal pequeno aos fundos da casa, onde contemplo as minguadas estrelas que conseguem furar o ar poluído de minha cidade. Fico na semi-escuridão ouvindo os insetos e a cidade como ruído de fundo, fumando um cigarro imaginário.

Minha claustrofobia é ontológica. Não acredito que haja espaço suficiente no mundo. Ainda escuto o uivo dos lobos, corro pelas pradarias nas noites escuras, e acordo assustado em uma casa que não reconheço imediatamente. Levo um tempo para que a realidade volte aos poucos, quando minha companheira me pergunta se está tudo bem.

No fundo é isso mesmo, só somos nós, o céu e as estrelas, nada de fato é importante o suficiente para nos apegarmos, nada durará para sempre, nem a nossa ilusória trajetória de vida, quiçá de poetas. Ao contabilizarmos as perdas e ganhos, percebemos que podemos viver com tão pouco que poderíamos imitar o velho rabugento Diógenes em sua barrica. Faltariam barricas no entanto. A filosofia e a poesia enriqueceriam a medida que todos ficássemos mais pobres. Que ilusão! Neste momento tenho em minha frente uma tela de LCD que tem de ser paga, um computador ruidoso que se calará se cortarem a eletricidade. Fora que tenho horror de ficar sem banheiro e sem papel higiênico. De todas as benesses da civilização, chuveiro de água quente e corrente, privada com descarga e papel higiênico, são confortos muito difíceis de se desapegar. Mas para nós que já vivemos sem estes confortos um dia, é uma questão de renúncia e adaptação. Vivemos em uma espécie de impasse, uma roleta mexicana, onde se um atirar todos morrem.

Li um artigo no Pavazine( http://pavablog.blogspot.com/2009/06/chico-d2.html), sobre suicídio, números tão alarmantes que a imprensa mundial não fala do assunto - “Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que cerca de 3.000 pessoas por dia cometem suicídio no mundo. Traduzindo, a cada três segundos alguém se mata.” – acomodar-se é de uma maneira algo semelhante ao suicídio, ou não. Vivemos em um mundo de alta competitividade, onde a continuar no ritmo que está, se não encontrarmos alternativas sustentáveis, o próprio planeta não suporta. De alguma maneira a própria humanidade em sua corrida desenfreada não deixa de ser suicida. A cultura da sociedade de consumo rotula e classifica as pessoas pelos seus sucessos e fracassos, coisas que são muito relativas. No fundo mesmo, queremos todos ser abraçados pela grande mãe terra, nos acomodarmos no não movimento e nos deixar ficar confortáveis.


Só não conseguiremos fugir de nós mesmos. Nosso karma está grudado em nossa pele, e se o arrancarmos sairá tudo junto. Por uma questão política e filosófica, não acredito em destino, mas existem coisas que não são totalmente explicadas. Por que este desejo pelo belo, esta coisa que nos faz avançar em terreno escuro e movediço, quando poderíamos simplesmente nos acomodar confortavelmente? Por que quanto mais fugimos de certos acontecimentos, estes teimam em nos procurar? Já não sou mais dono das palavras, a poesia me usa, e me castiga na medida das minhas incapacidades. Tenho um compromisso com o seu desenvolvimento permanente. Porque faço poesia em tempos de penúria, não sei se tenho ou terei a resposta.