segunda-feira, 26 de abril de 2010

25 de Abril - Uma postagem atrasada em um dia.

http://contramachismo.wordpress.com/2010/04/25/25-de-abril-revolucao-dos-cravos/
"Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto de jardim"
Chico Buarque

Sempre me derramo em lágrimas ao ouvir este trecho da canção do Chico, a Revolução dos Cravos foi também uma revolução de poetas, de utopistas, de sonhadores. Vejo esta modorra que vivemos neste princípio de século, chega a dar vergonha. Sei que um dia foi possível sonhar, a barriga desta moça da foto, nos diz que ainda é possível sonhar. 

Mas então por que estou agora neste momento vertendo lágrimas no teclado? Por que esta nostalgia sem graça que me embaraça?

Haverei de escrever um poema que me redima, que me tire da cova, que me restitua às ruas.
Haverei de ser um jovem novamente, de bandeiras vermelhas, de olhos tão brilhantes quanto lanternas acesas.

Hoje a poesia, meio tristonha,  olha a rua pela janela.

OUTRAS PALAVRAS - POÉTICAS ANDREENSES SEXTA-FEIRA, 23 DE Abril DE 2010

OUTRAS PALAVRAS - POÉTICAS ANDREENSES SEXTA-FEIRA, 23 DE Abril DE 2010 com a presença de EDSON BUENO DE CAMARGO, HÉLIO NÉRI, HENRIQUE KRISPIM, JORGE DE BARROS, JOSÉ GERALDO NERES, JUREMA BARRETO DE SOUZANEUZZA PINHEIRO,   ZHÔ BERTHOLINI e participação especial: LIA CORDONI E JAIRO CECHIN - “SAMBA-FUSÃO”.




"irmão coiote
caminha sobre as línguas da pradaria
sobre as pegadas dos que já são extintos
dos que sempre estarão"

Edson Bueno de Camargo

Vale lembrar a célebre frase de Leon Tolstoi, que afirmou "canta a tua aldeia e cantarás o mundo".

Diálogo entre as diversas realidades poéticas. Palavras e trocas artísticas, leituras, performance, intervenção musical, poesia, dança. Diálogo multi-linguagem a abordar e desdobrar o corpo, a cidade, os outros corpos, a cidade de Santo André.




Para meus caros:

Edson Bueno de Camargo, Hélio Neri, Henrique Krispim, Jairo Cechin, José Geraldo Neres, Jurema Barreto de Souza, Lia Cordoni, Neuza Pinheiro e Zhô Bertholini.

Meus mais sinceros agradecimentos por trazerem sua poesia, sua luz para dar mais brilho e vida a Escola Livre de Literatura e a Casa da palavra na noite de ontem!
Que este lindo evento seja somente mais um, dos belíssimos eventos, que viremos a proporcionar aos freqüentadores e aos nossos amigos!
Grata e muito feliz por tê-los conosco!

Com carinho

Dayse von Ancken Salgado
Coordenadora - Escola Livre de Literatura
SCLET-PMSA


Olá queridos amigos e amigas: EDSON BUENO DE CAMARGO - HÉLIO NÉRI - HENRIQUE KRISPIM - JAIRO CECHIN - JUREMA BARRETO DE SOUZA - KIUSAM DE OLIVEIRA - LIA CORDONI - NEUZZA PINHEIRO - PROJETO AURORA (PIERINA BALLARINI E HENRIQUE RISHI - ZHÔ BERTHOLINI & CASA DA PALAVRA – ESCOLA LIVRE DE LITERATURA (ELL)

Agradeço pela cumplicidade e companhia poética, nesta última aventura. Obrigado.
Espero que este intercâmbio continue e que aconteçam outros diálogos.
E assim vamos seguindo.
Abraços poéticos, Neres



sexta-feira, 23 de abril de 2010

QUINTA POÉTICA - CASA DAS ROSAS - Quinta-feira, 29 de abril de 2010


Escrituras Editora
e
Casa das Rosas convidam para a 

QUINTA POÉTICA

com os poetas convidados
Celso de Alencar (curador), Edson Bueno de Camargo, José Geraldo Neres e Márcio Barbosa, com participação especial do Quarteto Pererê.

Quinta-feira, 29 de abril de 2010
a partir das 19h

Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos
Av. Paulista, 37 - São Paulo/SP
Próximo ao metrô Brigadeiro.
Convênio com o estacionamento Patropi - Alameda Santos, 74
Informações: (11) 5904-4499
è       Próxima QUINTA POÉTICA: 27 de maio de 2010, quinta-feira, às 19h, na CASA DAS ROSAS.

Saiba mais sobre o evento e os convidados:

Quinta poética
Mensalmente, a Casa das Rosas abre suas portas para a Quinta Poética, um grande encontro dos amantes da boa poesia, com a presença de poetas consagrados e novos talentos, que têm a oportunidade de apresentar seu trabalho. Intervenções artísticas das mais diferentes expressões, como dança, música, artes plásticas, cultura popular, envolvem a leitura dos poemas. Grandes nomes da poesia, como Álvaro Alves de Faria, Beth Brait Alvim, Carlos Felipe Moisés, Celso de Alencar, Contador Borges, Eunice Arruda, Floriano Martins, Hamilton Faria, Helena Armond, José Geraldo Neres, Raimundo Gadelha, Raquel Naveira, Renata Pallottini, Renato Gonda, entre outros, já estiveram presentes nesses encontros, que são promovidos pela Escrituras Editora e a Casa das Rosas.

Os poetas:

Celso de Alencar (curador) é poeta e declamador paraense, radicado em São Paulo desde 1972. O poeta e crítico Cláudio Willer, afirma que se trata do mais enfático poeta contemporâneo. O compositor e poeta Jorge Mautner o considera um poeta da 4ª dimensão, escandalizador e libertador de almas. É reconhecido entre os grandes talentos da geração de 1970, se apresentou na Inglaterra, França e Portugal. Tem vários livros publicados, entre eles: Tentações (1979), Os Reis de Abaeté (1985), O Pastor (1994, infanto-juvenil), O Primeiro Inferno e Outros Poemas (1994 e 2001), A Outra Metade do Coração (CD- antologia poética) e Testamentos (2003). Participou de diversas antologias no Brasil e no exterior, além de publicações em revistas e periódicos. Palestrante e integrante de diversos júris de concursos de poesia. Ex-diretor da União Brasileira dos Escritores - UBE (gestão 1990/92 e 1992/94).

Edson Bueno de Camargo nasceu em Santo André - SP, em 1962, mora  em Mauá – SP. Publicou: “De Lembranças & Fórmulas Mágicas” Edições Tigre Azul/ FAC Mauá -2007; ”O Mapa do Abismo e Outros Poemas” Edições Tigre Azul/ FAC Mauá -2006,  “Poemas do Século Passado-1982-2000”, participou de algumas antologias poéticas.   Participa do grupo poético/literário Taba de Corumbê da cidade de Mauá –SP. http://umalagartadefogo.blogspot.com

José Geraldo Neres (Garça SP, 1966) - Poeta, ficcionista, roteirista, autor de três livros: Outros silêncios, (poesia, Escrituras Editora, 2009), Prêmio Programa de Ação Cultural - ProAC - Concurso de Apoio a Projetos de Publicação de Livros no Estado de São Paulo, 2008, Pássaros de papel (Projeto Dulcinéia Catadora, edição artesanal, SP, 2007) e Olhos de barro (lançamento em maio/2010), da coleção Orpheu da editora Multifoco (2010). Atua na  área  de  Gestão  Cultural,  como  produtor  cultural,  arte-educador, ministrando  oficinas  literárias,  ênfase  em  criação  literária  e  estímulo  à  leitura.

Márcio Barbosa nasceu em São Paulo/SP. É Pesquisador e um dos coordenadores do Quilombhoje Literatura. Fez as entrevistas e os textos do livro Frente Negra Brasileira e é um dos responsáveis pelo documentário e livro Bailes – Soul, Samba-Rock, Hip Hop e Identidade em São Paulo. Junto com Esmeralda Ribeiro e Niyi Afolabi co-organizou os livros Afro Brazilian Mind e Black Notebooks (este último é uma versão em inglês de Cadernos Negros), lançados nos EUA.

Quarteto Pererê foi formado a partir das comemorações dos 8O anos da Semana de Arte Moderna, com motivações antropofágicas. O quarteto dialoga com a música instrumental no diálogo entre gaita (Edson Tadeu), violão de 7 cordas (Alessandro Ferreira),  violino (Tchêlo Nunes) e viola brasileira de 10 cordas (Francisco Andrade). Seu repertório abarca composições, inventivas e arranjos de temas da tradição musical brasileira, autores medievais e contemporâneos. Atualmente, o Pererê está divulgando seu mais recém lançado CD, "Balaio", que alia "tradição e modernidade numa mistura bem dosada".


Escrituras Editora
Rua Maestro Callia, 123 - Vila Mariana
04012-100 - São Paulo - SP - Brasil
Tel.: (11) 5904-4499 (Pabx)
Blog: http://escrituraseditora.blogspot.com/

terça-feira, 20 de abril de 2010

Casa das Rosas - 29 de abril de 2010 (quinta-feira) - Quinta Poética -

29 de abril de 2010(quinta-feira)


Curador: Celso de Alencar

Sarau poético mensal, com poetas consagrados e novos talentos da poesia brasileira e internacional (inclusive com a minha presença), envolvendo intervenções artísticas dos mais diferentes formatos: dança, música, artes plásticas, cultura popular. Apoio: Escrituras Editora e Casa das Rosas.
 
Horário: a partir das 19h
Local: Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos

Endereço: Av. Paulista, 37 - São Paulo/SP


(próximo ao Metrô Brigadeiro. Convênio com o Estacionamento Patropi - Alameda Santos, 74)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Projeção do selo Orpheu no mercado editorial e entre a intelectualidade letrada brasileira.

 
 
 
Queridos autores do selo Orpheu poesias, desejo comunicar a vocês sobre a projeção do selo no mercado editorial e entre a intelectualidade letrada brasileira. O que vi nas recém noticias é um pouco de ceticismo, mas isto eu considero muito bom, significa estarmos provocando uma reação em cadeia e um olhar novo para os poetas e a poesia, para mim é uma alegria imensa saber que vocês que fazem parte deste selo, a presente reação se demonstra excelente, pois agora há uma perspectiva sobre todos, sobre os livros, esta reação tudo muda, ou seja, esperamos que haja um olhar mais atento a poesia brasileira nos ultimos anos e aos poetas jovens - estes que tem feito a nova literatura, - e estes me refiro a vocês, aos que ainda não conhecemos e desejamos conhecer, aos que virão, etc. Bem, estas são minhas novas, e aprabéns a todos, AGORA ASSIM COMO VOCÊS ESTOU ANSIOSO PELOS LIVROS (risos). Agradeço a todos que vem contribuindo com a divulgação deste selo, com a ajuda de vocês autores e colaboradores, Orpheu acontece.

Abaixo os sites com as noticias:


NO GERMINA : http://germinaliteratura.blog.uol.com.br/

NO PORTAL LITERAL: http://portalliteral.terra.com.br/blogs/orpheu-novo-selo-de-poesia

NO PUBLISHNEWS: http://www.publishnews.com.br/telas/noticias/detalhes.aspx?id=57119

SARAIVA CONTEÚDO
: http://www.saraivaconteudo.com.br/Blog.aspx?id=914&filtro=1&#Blog_914

TRIPLOG: http://triplov.com/blog/?s=cole%E7%E3o+orpheu

Abraços fortes a todos.


 
Anderson Fonseca
Editor
orpheu@editoramultifoco.com.br
luizdovalefon@hotmail.com
luizdovalefon@gmail.com
http://www.grupomultifoco.com.br/orpheu/
 


terça-feira, 13 de abril de 2010

Edson Bueno de Camargo, é outro poeta a estreiar o selo Orpheu.

Coleção Orpheu, o que é?

Selo Orpheu de Poesia (Editora Multifoco) 

A coleção Orpheu da editora Multifoco é um selo voltado para a poesia brasileira nos últimos  anos.  Adotando como marca a lira “orphica”, o selo pretende redescobrir a poesia brasileira. Através da coletânea que leva o selo Orpheu, tentaremos traçar uma linha  desta poesia. Assim, mais do que selo editorial, trata-se do resultado de uma cuidadosa pesquisa. Buscaremos o poeta e sua poesia. Do mesmo modo que Orpheu buscou Eurídice, nós procuraremos os poetas, inéditos ou não, que por sua atividade merecem vir à luz, através do objeto livro. Desejamos construir um “templo de audição”. Formar, pelo conjunto de vozes apresentadas na coletânea, uma harmonia.

Atenciosamente,
Anderson Fonseca
Editor



Orpheu

Pintura à óleo de  Carlo Maria Mariani
Pintura à óleo de Carlo Maria Mariani (180.50cm x 135 cm), Itália, 1979 

Uma árvore surgiu. Ascensão pura! Orfeu canta! A árvore é toda ouvidos. Tudo cala. Mas, da calma obscura, nasce um começo; muda o sentido.
Os animais saíram do transparente bosque, deixaram ninho e covil; Então, o que se viu, foi que nem por ardil nem por medo ficavam silentes:
tudo era ouvir. Uivar, gritar, bramir: não. Só a melodia. Onde antes mal havia choça a receber o canto,
agora há um abrigo de forte quebranto, com portais de colunas vibrantes; ali criaste-lhes um templo da audição. – Rilke, do livro Os sonetos a Orfeu.


Edson Bueno de Camargo


Edson-Bueno-de-Camargo-vert Edson Bueno de Camargo, é outro poeta a estreiar o selo Orpheu.
Edson Bueno, nasceu em Santo André (SP), em  1962.  Publicou em diversas revistas, dentre as quais se destaca Confraria 2 anos (2007), O Casulo (2008) e da Revista Literaria Remolinos (Uruguai, 2008) .  É autor dos livros De Lembranças & Fórmulas Mágicas (2007); O Mapa do Abismo e Outros Poemas (2006),   e Poemas do Século Passado-1982-2000 (2002).
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Pelo selo Orpheu, Edson Bueno de Camargo está lançando o livro Cabalisticos (lançamento em Junho).
Abaixo um dos poemas do livro Cabalisticos:

o som que há em tudo

hoje amanheci com um peixe dentro do ouvido
e este me contava todas as histórias desde o princípio do mundo
de quando as novas coisas ainda eram velhas
vestidas do útero da terra
corri com o chacal e senti o cheiro do medo e o gosto da morte
e me pintei com o sangue do animal que abati
e chorei seu espírito e seu sacrifício
dancei sobre o fogo dos vulcões imemoriais
e respirei de novo pelas guelras o sal do primeiro mar
dormi sob o manto da primeira longa noite
na vigília do primeiro coiote sobre a terra
e a velha anciã me levou para o topo de todos os lugares
e me apontou as estrelas que caíam do céu
e de como somos filhos delas
seus dedos magros e secos se encheram com meus cabelos
e sonhei o sonho de todas as coisas
e que eu estava em todo o lugar
chorei todas as tristezas do mundo
e minhas lágrimas correram como torrentes montanha abaixo
e meus pés criaram raízes
e me tornei uma grande árvore
e fui abatido por um grande raio
e sua voz era como o som que há em tudo
e queimei até só sobrarem cinzas
para que tudo principiasse novamente
e vi minha semente nos olhos de meu neto

Sobre a IIª Conferência Nacional de Cultura

Foto de Ricardo Penachi de Camargo -  II Conferência Estadual de Cultura - Delegados do ABCDMRR. 


ABCDMRR, 19 de março de 2010.

Prezados Senhores,

De 11 a 14 de março de 2010, foi realizada no Centro de Convenções e Eventos Brasil 21, em Brasília – DF, a II Conferência Nacional de Cultura com o tema central: Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento.

Como delegados eleitos nas etapas Municipais e Estadual, e representantes da Região Metropolitana de São Paulo e do ABCDMRR, estamos entregando para a Sociedade Civil e Governo, um relatório sobre os resultados da nossa participação em tão importante evento.

Informamos nossos nomes, representação e cidades:

·- Leonardo Duarte – Sociedade Civil – Núcleo de Comunicação Marginal – São Bernardo do Campo

· - Malú Saloti – Sociedade Civil – Cia da M.A.T.I.L.D.E. – São Caetano do Sul

· - Neto Oliveira – Governo – Secretário Adjunto de Cultura – São Bernardo do Campo

Após três dias de intensos debates, foram eleitas 32 estratégias prioritárias e 95 prioridades setoriais que nortearão as políticas públicas para o setor.

As prioridades eleitas, segundo o Ministro Juca Ferreira, presente no evento, serão tratadas uma a uma, de acordo com sua natureza. Algumas poderão servir para incrementar políticas públicas já existentes, outras devem se transformar em projetos de lei para envio ao Congresso Nacional ou, ainda, integrarem ações interministeriais de estímulo a áreas afins, como cultura e educação,

O Ministro ainda afirmou publicamente o grande mérito da Conferência: promover o acesso de todos e todas à discussão e formulação das políticas públicas. “A democracia e a inclusão têm sido uma grande preocupação do governo e do ministério da Cultura”.

Ao todo, foram analisadas 347 propostas pelos participantes da conferência, dentre os quais artistas, produtores culturais, investidores, gestores e representantes da sociedade de todos os setores da cultura e de todos os estados do País. Dos 883 delegados credenciados, 851 votaram por meio de cédulas nas propostas prioritárias.

Ao todo, entre delegados, convidados e observadores, haviam 1135 pessoas inscritas.

A aprovação do marco regulatório da Cultura, que já tramita no Congresso Nacional, foi a proposta mais votada (754 votos). O marco é composto principalmente pelo Sistema Nacional de Cultura (SNC), Plano Nacional de Cultura (PNC) e proposta de emenda constitucional (PEC) 150/2003, que vincula à Cultura 2% da receita federal, 1,5% das estaduais e 1% das municipais. A proposta também explicita o apoio à aprovação do Programa de Fomento e Incentivo à Cultura (Procultura), que atualiza a Lei Rouanet.

A Conferência apontou a urgência de se construir um marco regulatório para a cultura brasileira. É uma demanda legítima da sociedade, que prioriza a agenda cultural em todas as esferas de governo. Demos um grande passo para fortalecer definitivamente a importância dessas políticas para o desenvolvimento sustentável do país.

Os debates da Conferência seguiram cinco eixos temáticos: produção simbólica e diversidade cultural; cultura, cidade e cidadania; cultura e desenvolvimento sustentável; cultura e economia criativa; gestão e institucionalidade da cultura.

Entre os destaques estão a formalização do trabalho na cultura, o incentivo ao ensino de arte nas escolas, o reconhecimento de um “custo amazônico” como fator que onera as iniciativas culturais devido a questões geográficas e logísticas da região – a ser incluído em editais de novos projetos - a ampliação do acesso à internet e a necessidade de reformulação da Lei de Direitos Autorais. O marco legal para os Pontos de Cultura e a Lei Griô Nacional também estiveram entre as propostas mais votadas.

As prioridades Eleitas foram as seguintes:

PROPOSTAS PRIORITÁRIAS

EIXO 1: PRODUÇÃO SIMBÓLICA E DIVERSIDADE CULTURAL

SUB–EIXO: 1.1 - Produção de Arte e Bens Simbólicos

1 - Implementar políticas de intercâmbio em nível regional, nacional e internacional entre os segmentos artísticos e culturais englobando das manifestações populares tradicionais às contemporâneas que contemplem a realização de mostras, feiras, festivais, oficinas, fóruns, intervenções urbanas, dentre outras ações, estabelecendo um calendário anual que interligue todas as regiões brasileiras, com ampla divulgação, priorizando os grupos mais vulneráveis às dinâmicas excludentes da globalização, com o objetivo de valorizar a diversidade cultural.

6 - Registrar, valorizar, preservar, e promover as manifestações de comunidades e povos

tradicionais (conforme o decreto federal 6.040 de 7 de fevereiro de 2007), itinerantes, nômades, das culturas populares, comunidades ayahuasqueiras, LGBT, de imigrantes, entre outros com a difusão de seus símbolos, pinturas, instrumentos, danças, músicas, e memórias dos antigos, por meio de apresentações ou produção de CDs, DVDs, livros, fotografias, exposições e audiovisuais, incentivando o mapeamento e inventário das referencias culturais desses grupos e comunidades.

SUB–EIXO: 1.2 - Convenção da Diversidade e Diálogos Interculturais

17 - Garantir políticas públicas de combate à discriminação, ao preconceito e à intolerância religiosa por meio de: a) campanhas educativas na mídia, em horário nobre, mostrando as diversas raças e etnias existentes em nosso país, ressaltando o caráter criminoso da discriminação racial; b) demarcação de terras das populações tradicionais (ribeirinhos, seringueiros, indígenas e quilombolas), estendendo serviços sociais e culturais a essa população, a fim de garantir sua permanência na terra; c) campanhas contra homofobia visando respeito a diversidade sexual e identidades de gênero.

18 - Implementar a Convenção da Diversidade Cultural por meio de ações sócio-educativas nas diversas linguagens culturais (literatura, dança, teatro, memória e outras), e as linguagens especificas próprias dos povos e culturas tradicionais, conforme o decreto federal 6.040 de 7 de fevereiro de 2007 dirigidas a públicos específicos: crianças, jovens, adultos, melhor idade.

SUB – EIXO: 1.3 - Cultura, Educação e Criatividade

22 - Articular a política cultural (MINC e outros) com a política educacional (MEC e outros) nas três esferas governamentais para elaborar e implementar conteúdos programáticos nas disciplinas curriculares e extracurriculares dedicados à cultura, à preservação do patrimônio, memória e à história afro-brasileira, indígena e de imigrantes ao desenvolvimento sustentável e ao ensino das diferentes linguagens artísticas, inclusive arte digital e línguas étnicas do território nacional, de matriz africana e indígena, e ao ensino de línguas, inserindo-os no Plano Nacional de Educação,sob a perspectiva da diversidade e pluralidade cultural, nas escolas, desde o ensino fundamental, universidades públicas e privadas com a devida capacitação dos profissionais da educação, por meio da troca de saberes com os mestres da cultura popular nos sistemas municipais, estaduais e federais, bem como (26) Garantir condições financeiras e pedagógicas para a efetiva aplicação da disciplina "Língua e Cultura Local".

36 - Instituir a lei Griô, que estabelece uma política nacional de transmissão dos saberes e fazeres de tradição oral, em diálogo com a educação formal, para promover o fortalecimento da identidade e ancestralidade do povo brasileiro, por meio do reconhecimento político, econômico e sociocultural dos Grios Mestres e Mestras da tradição oral, acompanhado por uma proposta de um programa nacional, a ser instituído, regulamentado e implantado no âmbito do MINC e do Sistema Nacional de Cultura.

SUB–EIXO: 1.4 - Cultura, Comunicação e Democracia

63 - Garantir que o acesso a internet seja realizado em regime de serviço publico e avançar com a formulação e implantação do plano nacional de banda larga contemplando as instituições culturais e suas demandas por aplicação e serviços específicos.

68. Regulamentar e implementar o capitulo da comunicação social na Constituição Federal, tendo em vista a integração das políticas de comunicação e cultura, em especial o artigo 223, que garante a complementaridade dos sistemas publico, privado e estatal. Fortalecer as emissoras de radio e TV do campo público (comunitárias, educativas, universitárias e legislativas) e incentivar a produção simbólica que promova a diversidade cultural e regional brasileira, produzida de forma independente. Implantar mecanismos que viabilizem o efetivo controle social sobre os veículos do campo público de comunicação e criar um sistema de financiamento que articule a participação da união, estados e municípios.

EIXO 2: CULTURA, CIDADE E CIDADANIA

SUB-EIXO: 2.1- Cidade como fenômeno cultural

80 - Estabelecer uma política nacional integrada entre os governos federal, estaduais, municipais e no Distrito Federal, visando a criação de fontes de financiamento, vinculação e repasses de recursos que permitam a instalação, construção, manutenção e requalificação de espaços e complexos culturais com acessibilidade plena: teatros, bibliotecas, museus, memoriais, espaços de espetáculos, de audiovisual, de criação, produção e difusão de tecnologias e artes digitais, priorizando a ocupação dos patrimônios da união, dos estados, municípios e do Distrito Federal em desuso no país.

83 - Criar marco regulatório (Lei Cultura Viva) que garanta que os Pontos de Cultura se tornem política de Estado garantindo a ampliação no número de Pontos contemplando ao menos um em cada município brasileiro e Distrito Federal, priorizando populações em situação de vulnerabilidade social de modo a fortalecer a rede nacional dos Pontos de Cultura.

SUB–EIXO: 2.2 - Memória e Transformação Social

101 - Incluir na agenda política e econômica da União, estados, municípios e no Distrito Federal o fomento à leitura por meio da criação de bibliotecas públicas, urbanas e rurais em todos os Municípios, com fortalecimento e ampliação dos acervos bibliográficos e arquivísticos, infraestrutura, acesso a novas tecnologias de inclusão digital, capacitação de recursos humanos, bem como ações da sociedade civil e da iniciativa privada,com objetivo de democratizar o acesso à cultura oral, letrada e digital.

112 – Propiciar condições plenas de funcionamento ao Ibram de modo a garantir com sua atuação, que os museus brasileiros sejam consolidados como territórios de salvaguarda e difusão de valores democráticos e de cidadania, colocadas a serviço da sociedade com o objetivo de propiciar o fortalecimento e a manifestação das identidades, a percepção crítica e reflexiva da realidade, a produção de conhecimento, a promoção da dignidade humana e oportunidades de lazer.

SUB–EIXO: 2.3 - Acesso, Acessibilidade e Direitos Culturais

124 – Criar dispositivos de atualização da lei de direitos autorais em consonância com os novos modos de fruição e produção cultural que surgiram a partir das novas tecnologias garantindo o livre acesso a bens culturais compartilhados sem fins econômicos desde que não cause prejuízos ao(s) titular(es) da obra, facilitando o uso de licenças livres e a produção colaborativa, considerando a transnacionalidade de produtos e processos de forma que se atinja o equilíbrio entre o direito da sociedade de acesso a informação e a cultura e o direito do criador de ter sua obra protegida, assim como o equilíbrio entre os interesses do autor e do investidor.

131 – Assegurar a destinação dos recursos do Fundo Social do Pré-sal para a cultura, aos programas de sustentabilidade e desenvolvimento do Sistema Nacional de Cultura, ampliando os investimentos nos programas que envolvam conveniamentos entre União, Estados, Municípios e Distrito Federal.

EIXO 3: CULTURA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

SUB–EIXO: 3.1 - Centralidade e Transversalidade da Cultura

140 – Implementar e fortalecer as políticas culturais dos estados, a fim de promover o

desenvolvimento cultural sustentável, reconhecendo e valorizando as identidades e memórias culturais locais – incluindo regulamentação de profissões de mestres detentores e transmissores dos saberes e fazeres tradicionais, ampliando as ações intersetoriais e transversais por meio das interfaces com a educação, economia, comunicação, turismo, ciência, tecnologia, saúde e meio ambiente, segurança pública e programas de inclusão digital, com estímulo a novas tecnologias sociais de base comunitária.

141 - Incentivar a criação e manutenção de ambientes lúdicos, para o desenvolvimento de atividades artísticas e culturais em escolas públicas e espaços educacionais sem fins lucrativos, museus, hospitais, casas de saúde, instituições de longa permanência, entidades de acolhimento e abrigos, CAPs, CAPs – AD (Centro de Atenção Psicossocial), centros de recuperação de dependentes químicos e de ressocialização de presos (Apacs) e presídios.

SUB–EIXO: 3.2 - Cultura, Território e Desenvolvimento Local

152 – Promover, em articulação com o MEC, organizações governamentais e não

governamentais, a criação de cursos técnicos e programas de capacitação na área cultural para o desenvolvimento sustentável.

154 – Fomentar e ampliar observatórios e as políticas culturais participativas com o objetivo de produzir inventários, pesquisas e diagnósticos permanentes, também em parceria com universidades e instituições de pesquisa, subsidiando políticas públicas de cultura, articuladas intersetorialmente e territorialmente, com ações capazes de preservar os patrimônios cultural e natural, inserindo as histórias locais nos conteúdos das instituições educacionais, identificando e valorizando as tradições e diversidade culturais locais, aproximando os movimentos culturais das questões sociais e ambientais, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável local e a redução das desigualdades regionais.

SUB–EIXO: 3.3 - Patrimônio Cultural, Meio Ambiente e Turismo

165 - Promover e garantir o reconhecimento, a defesa, a preservação e a valorização do

patrimônio cultural, natural e arquivístico a partir de inventários e estudos participativos, em especial nas comunidades tradicionais, estimulando o turismo comunitário sustentável, por meio da articulação interministerial com participação popular, que crie parâmetros para a atuação nessa vertente da economia da cultura e destine recursos, inclusive por meio de editais, para a implantação e o fortalecimento de roteiros turísticos que articulem patrimônio cultural, memórias, meio ambiente, tecnologias, saberes e fazeres, valorizando a mão-de-obra local/regional, com a realização de ações voltadas para a formação, gestão e processos de comercialização da

produção artístico-cultural da região.

175 - Valorizar as tradições culturais dos 5 biomas,o, como forma de proteção e sustentabilidade, bem como garantir a melhoria e conservação das vias de acesso a todos os municípios, revelando e valorizando suas potencialidades turísticas e culturais, com sua difusão em museus, sites específicos e redes sociais, preservando o patrimônio material e imaterial, regulamentando em lei o cerrado e demais biomas como patrimônio cultural.

EIXO 4: CULTURA E ECONOMIA CRIATIVA

SUB–EIXO: 4.1 - Financiamento da Cultura

187 - Com base no art. 3º inciso III da Constituição brasileira que estabelece a redução das desigualdades sociais e regionais, que seja garantido o reconhecimento do “custo amazônico” pelos órgãos gestores da cultura em projetos culturais, editais e leis de incentivo, em especial pelo Fundo Nacional de Cultura, assegurando dotação específica e diferenciada para os estados da Amazônia Legal, considerando as dimensões continentais, as diferenças geográficas e humanas e as dificuldades de comunicação e circulação na região, incluindo o Custo Amazônico na Lei Rouanet no Fundo Amazônia.

192 - Garantir, com a aprovação da PEC 150/2003, ainda neste semestre, as políticas de fomento e financiamento, via editais, dos processos de criação, produção, consumo, formação, difusão e preservação dos bens simbólicos materiais, imateriais e tradicionais (indígenas, ribeirinhas, afrodescendentes, quilombolas e outros) e contemporâneas (de vanguarda e emergentes), facilitando a mostra de suas obras artísticas, garantindo direitos autorais e registrando os artistas e suas obras como patrimônio nacional.

SUB–EIXO: 4.2 - Sustentabilidade das Cadeias produtivas

230 - Ampliar os recursos públicos e privados, para a sustentabilidade das cadeias criativas e produtivas da cultura, valorizando as potencialidades regionais e envolvendo todos os setores da sociedade civil e do poder público no processo de criação, produção e circulação dos bens e produtos culturais, objetivando ampliar a circulação e a exportação dos produtos culturais brasileiros.

236 - Criar um programa nacional (por região) de capacitação de agentes e empreendedores culturais, com foco nas cadeias produtivas, contemplando a elaboração e gestão de projetos, captação de recursos e qualificação técnica e artística, ofertando oficinas, cursos técnicos e de graduação, em parceria com as Instituições de Ensino Superior (IES).

SUB–EIXO: 4.3 - Geração de Trabalho e Renda

250 - Regulamentar as profissões da área cultural, criando condições para o reconhecimento de direitos trabalhistas, previdenciários no campo da arte, da produção e da gestão cultural, incluindo os profissionais da cultura em atividades sazonais.

252 - Investir na profissionalização dos trabalhadores da cultura, através da ampliação dos cursos de nível superior, técnicos e profissionalizantes, realizar concursos públicos em todas as esferas governamentais para o setor, equiparando nestes concursos o piso salarial de nível superior à carreira especialista em gestão pública ou equivalente e incluindo o reconhecimento de novas áreas de formação relacionadas ao campo.

EIXO 5: GESTÃO E INSTITUCIONALIDADE DA CULTURA

SUB–EIXO: 5.1 - Sistemas Nacional, Estaduais, Distrital e Municipais de Cultura

262 – Consolidar, institucionalizar e implementar o Sistema Nacional de Cultura (SNC),

constituído de órgãos específicos de cultura, conselhos de política cultural (consultivos ,

deliberativos e fiscalizadores), tendo, no mínimo, 50% de representantes da sociedade civil eleitos democraticamente pelos respectivos segmentos, planos e fundos de cultura, comissões intergestores, sistemas setoriais e programas de formação na área da cultura, na União, Estados, Municípios e no Distrito Federal, garantindo ampla participação da sociedade civil e realizando periodicamente as conferências de cultura e, especialmente, a aprovação pelo Congresso Nacional da PEC 416/2005 que institui o Sistema Nacional de Cultura, da PEC 150/2003 que designa recursos financeiros à cultura com vinculação orçamentária e da PEC 049/2007, que insere a cultura no rol dos direitos sociais da Constituição Federal, bem como dos projetos de lei que instituem o Plano Nacional de Cultura e o Programa de Fomento e Incentivo a Cultura-Procultura e do que regulamenta o funcionamento do Sistema Nacional de Cultura.

279 – Criar um sistema nacional de formação na área da cultura, integrado ao SNC, articulando parcerias públicas e privadas, a fim de promover a atualização, capacitação e aprimoramento de agentes e grupos culturais, gestores e servidores públicos, produtores, conselheiros, professores, pesquisadores, técnicos e artistas, para atender todo o processo de criação, fruição, qualificação dos bens, elaboração e acompanhamento de projeto, captação de recursos e prestação de contas, garantindo a formação cultural nos níveis básico, técnico, médio e superior, à distância e presencial, fazendo uso de ferramentas tecnológicas e métodos experimentais e produção cultural.

SUB–EIXO: 5.2 - Planos Nacional, Estaduais, Distrital, Regionais e Setoriais de Cultura

308 – Defender a aprovação do Programa Cultura Viva e o Programa Mais Cultura no âmbito da proposta de consolidação das leis sociais como políticas publicas de Estado, com dotação orçamentária prevista em lei e mecanismo publico de controle e gestão compartilhada com a sociedade civil.

310 - Garantir que as conferências nacional, distrital, estaduais e municipais de Cultura tenham caráter de política pública e que suas diretrizes e decisões sejam incorporadas nos respectivos Planos Plurianuais e nas Leis de Diretrizes Orçamentárias, assegurando sua efetiva execução nas Leis Orçamentárias Anuais.

SUB–EIXO: 5.3 - Sistema de Informações e Indicadores Culturais

324 – Realizar imediatamente mapeamento preliminar das manifestações culturais, dos distintos segmentos (conforme a II CNC), dos povos e comunidades tradicionais (em conformidade com o decreto 6040), das expressões contemporâneas, dos agentes culturais, instituições e organizações, dos grupos e coletivos, disponibilizando o banco de dados resultante em uma plataforma livre de fácil acesso e com descentralização da informação; em paralelo, a criação de um órgão federal de estudos e indicadores culturais integrado ao SNC; mapear as cadeias criativas e produtivas, empreendimentos solidários; investir em capacitação técnica de equipes locais; atualizar continuamente o mapeamento preliminar e gerar produtos tais como: roteiros e eventos de integração e intercambio; catálogos com as varias linguagens e manifestações, publicação de anuários e revistas.

336 - Implantar o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais e os respectivos sistemas estaduais e municipais, desenvolver mecanismos de articulação entre governo e sociedade civil, para facilitar e ampliar o acesso às informações e capacitar pessoal em todas as esferas, para a geração, tratamento e armazenamento de dados e informações culturais.

Informamos também, que das 32 propostas priorizadas entre os delegados do Estado de São Paulo, 22 estão entre as aprovadas como prioritárias a nível nacional.

Entendemos que a realização desta Conferência Nacional, foi muito além de uma conquista na área cultural, esta foi a possibilidade de faze-nos ouvir por quem faz as políticas públicas culturais nesta nação e também a possibilidade de termos um documento legitimado com as necessidades que os diversos caminhos culturais apresentam em um país com dimensões continentais.

Agora, passada a Conferência, é de extrema importância que a Sociedade Civil esteja atenta, vigilante e participante, para que as propostas aprovadas sejam devidamente encaminhadas e não se tornem apenas utopias contidas em um documento arquivado.

Saudações,

Leonardo Duarte-Núcleo de Comunicação MArginal - SBC

Malú Saloti - Cia M.A.T.I.L.D.E. - SCSul

Neto Oliveira - Sec. Adj de Culutra - SBC

Fonte: http://penachi.blogspot.com/2010/04/sobre-ii-conferencia-nacional-de.html

segunda-feira, 12 de abril de 2010

quinta-feira, 8 de abril de 2010

descubra a diferença


Em tempos de intolerância sexual, um lembrete dos amigos do blogue Das Loka.

Pelo direito de sermos como bem entendermos.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

OUTRAS PALAVRAS - POÉTICAS ANDREENSES - CASA DA PALAVRA - 23/04/2010

OUTRAS PALAVRAS - POÉTICAS ANDREENSES



OUTRAS PALAVRAS - POÉTICAS ANDREENSES
APRESENTAÇÃO:
Trocas artísticas; contando com recorte de autores (as) nascidos, moradores e trabalhadores de Santo André.


Diálogo entre as diversas realidades poéticas. Palavras & trocas artísticas, leituras, performace, intervenção musical, poesia, dança. Diálogo multi-linguagem a abordar e desdobrar o corpo, a cidade, os outros corpos, a cidade de Santo André.


Convidados:

EDSON BUENO DE CAMARGO, HÉLIO NÉRI, HENRIQUE KRISPIM, JOSÉ GERALDO NERES, JUREMA BARRETO DE SOUZA, KIUSAM DE OLIVEIRA, NEUZZA PINHEIRO, PROJETO AURORA (Roteiro e Concepção: PIERINA BALLARINI E HENRIQUE RISHI), E ZHÔ BERTHOLINI.
Participação especial:
LIA CORDONI (CD “SAMBA-FUSÃO”)


INFORMAÇÕES:
Local: CASA DA PALAVRA – ESCOLA LIVRE DE LITERATURA
PRAÇA DO CARMO, 171, CENTRO – SANTO ANDRÉ, SP.
TELEFONE: (11) 4992-7218.
Dia: SEXTA-FEIRA, 23 DE Abril DE 2010
Horário: A PARTIR DAS 19H00.

domingo, 4 de abril de 2010

Entrevista cedida por Edson Bueno de Camargo ao poeta Marcelo Ariel.




Entrevista cedida por Edson Bueno de Camargo ao poeta Marcelo Ariel, para seu blog e a Revista Pausa. Ainda inédita.

1-) O que a poesia significa para você e qual seria a função social da poesia?

Poemas são pequenas cartas suicidas, escrevo para continuar vivo, ou melhor, para me sentir realmente vivo. Esta existência da sobrevivência não me atrai, se vivesse só por viver teria deixado a vida se exaurir em mim. Devemos, na medida que pudermos, viver pela arte, pelo belo, a minha arte é a poesia.

A função social da poesia, se é que ela tem uma, é dividir o belo com os outros, é tentar na medida de nossas limitações estéticas e éticas ajudar as pessoas a aprenderem e apreenderem o belo. (Olhe bem, o belo na arte é uma condição narcísica muito longe desta pasteurização a que nos impõe os meios de comunicação de massa das grandes corporações.) O poeta tem o destino dos heróis trágicos, deve se imolar pela comunidade que o cerca, mas passa pelo inconveniente de passar em branco, quase por uma invisibilidade. Temos a sina de Cassandra, a irmã de Paris de Tróia, predizemos o futuro e as coisas, mas ninguém acreditará nelas.


2-) Fale um pouco sobre a sua trajetória e sobre a gênese dos seus poemas?

Escrevo desde muito jovem, sou muito prolixo, mas considero que comecei a “pegar” esta questão de ter um compromisso e seriedade com a poesia meio tardiamente. Foi a partir de uma oficina em minha cidade, Mauá-SP, a Oficina Aberta da Palavra, que me deparei com a necessidade de dar um tratamento estético ao que produzia. Depois em uma oficina com o poeta Cláudio Willer, na Casa da Palavra, em Santo André, cidade vizinha à minha, foi que tive contato com alguma teoria à respeito do assunto. A produção do poema vai ser sempre uma luta entre o sentido e a forma. Dar significado e ao mesmo tempo não perder de vista que a arte deve buscar o novo.

Daí para frente foi surgindo um necessidade incontrolável de ser lido. De ter pelo menos leitores críticos. Comecei a disseminar minha produção aos quatro cantos do planeta, utilizei e utilizo muito da Internet como meio de divulgação, participo de saraus e de todo o tipo de atividade que envolva literatura e possa conhecer pessoas que também façam poesia e gostem de poesia. Participei também de alguns concursos literários e obtive algumas premiações. Acima de tudo tenho conhecido pessoas, que como eu não se satisfazem com um pouco de ração, um canto para dormir e outros confortos domésticos. Pessoas que lidam com a poesia em geral são meio selvagens, com pouca afinidade para com a domesticação. Por isso são pessoas perigosas para a sociedade.

Tenho o hábito de carregar um pequeno caderno, uma vez que minha memória não é muito boa, e neste anotar insights e versos que me vem a cabeça, sou também um voyeur incorrigível e fico perscrutando as pessoas e suas falas. Existe um momento que este material todo anotado começa a me incomodar, dai sento diante do computador e passo a limpo tudo isso. Nestes momentos nascem os poemas, alguns vêm prontos, outros demoram mais, outros nunca se materializam. E claro leio muito, e de tudo, gosto muito de cultura pop, HQs, animes, filosofia, poetas malditos, blogs da garotada que está na luta agora, muita poesia. Irrita-me quando pego pela frente um cidadão que diz que não lê outros poetas para não “influenciar” sua obra, toda a literatura é intertextual em sua natureza, assim como a arte. Estamos sempre reescrevendo a poesia. Temos um dívida com todos que escreveram antes de nós, e os reescrevemos em nossa escrita. Ter um estilo “próprio” deve significar se não o domínio, a tentativa de dominar aquilo que nos precedeu. Dentro da contemporaneidade não existe espaço para divas e “prima-donas”.

3-) Na sua opinião, qual é o atual panorama da literatura no Brasil e no mundo, como você vê a situação do livro e do escritor e em especial a do livro de poesia?

Possuo uma angústia muito grande ao reconhecer que não serei capaz de ler e conhecer tudo o que preciso e quero. A cada dia que passa descubro algo ou alguém novo que me passou despercebido ou que não está exposto o suficiente para que o leiamos. Tenho a limitação da língua, por razões misteriosas não consigo ir além do português, embora adore leituras que permitam o contato da obra original junto com a tradução, pois muito da poesia está no som.

Não tenho uma leitura muito crítica em relação a um panorama da literatura, no Brasil ou no mundo, mas vivemos em uma situação de efemeridade da existência humana, ou tentam nos passar esta visão. A literatura não tem nada a haver com isso, a arte como um todo é nossa tentativa de vencer o tempo e a mortalidade. Vivemos em um período em que a informação é controlada pelos meios de comunicação de massa e por conseqüência muito rasa, não há uma tentativa de se aprofundar os conteúdos. Mas se pensarmos bem, em que período da história isto não ocorreu de uma certa forma? A Igreja do passado e seu “índice proibido” já era uma forma de manter o conhecimento sob controle.

O formato livro é uma coisa muito recente historicamente, a imprensa de tipos móveis foi uma revolução muito maior que a que temos hoje com a Internet, possuir muitos livros, ou ter a possibilidade de lê-los, é uma forma de hiper-conectividade além das fronteiras psicológicas da mente. É essencial que continuemos a produzir livros, eles tem o dom de atravessar fronteiras, de passar de mão em mão, de chegar a lugares que nem podemos imaginar. Livros de poesia são pequenas possibilidades de revolução, quando o mundo diz pare, a poesia fala corra, quando o mundo diz corra, a poesia pára. Agora se alguém pretende ganhar dinheiro com livros de poesia, é uma outra história mais complicada.

4-) O que é a vida para você?

A vida para mim é um grande incômodo. Existir carece de sentido, e sou racional demais, então ao tentar racionalizar algo que não faz o maior sentido, me angustio muito. Não trago em mim nenhuma esperança, mas ao mesmo tempo, como já disse ao poeta Zhô Bertolini, a poesia me denuncia. A poesia pode ser o apocalipse e o cataclismo, mas também a hecatombe, não é salvacionista, mas poderá nos salvar de nós mesmos.

5-) E a Alma?

A Alma é uma coisa vaga, como o Amor.

6-) Cite alguns autores que foram e são importantes para você e por que?

Foram muitas influências, e que estão ocorrendo o tempo todo. Nos meus primeiros versos um poeta quase naïf chamado Castelo Hanssen; Cláudio Willer nas oficinas da Casa da Palavra de Santo André, principalmente por não ter sido condescendente com meu texto, colocando o que precisava ser colocado no momento certo e apresentando os poetas surrealistas para mim, em especial, Mario Cezariny e Herberto Helder. O poema “O amor em visita” de Herberto Helder foi um divisor de águas em minha poesia. Não posso deixar de citar Mario Quintana, nem tanto na forma, mas na alma. Cecília Meireles, Ferreira Gullar, João Cabral de Melo Neto, e uma infinidade de nomes aos quais não estou fazendo justiça. Leio muito a garotada que está chegando, muitos blogues e revistas na Internet. Na minha opinião a poesia nunca está completa ou acabada, é um processo, e as possibilidades de influência são infinitas, como já disse antes acredito que a literatura é intertextual.