quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Vamos celebrar a beleza do corpo feminino em todas a sua variação e diversidade.



"Com a proposta de celebrar a beleza do corpo feminino em todas a sua variação e diversidade, o “Love Your Body Day” chega hoje à sua 12a edição.

O movimento foi criado pela norte-americana NOW – National Organization for Women (Organização Nacional das Mulheres). Em 1998, alarmada pelo índice cada vez maior de mulheres que desenvolvem problemas alimentares — sem contar a sensação psicológica de exclusão dos padrões –, a instituição sugeriu um dia anual para as mulheres curtirem seu corpo, além de organizar uma listagem de propagandas que ofendem ou distorcem a condição feminina.

Para celebrar, vale tudo, das menores às maiores atitudes: dar um tempo na sua autocrítica com o espelho; agendar uma boa massagem e, depois, comer sua sobremesa favorita sem culpa; mandar um cartão virtual para espalhar a ideia – ; escrever no seu blog a respeito (veja a proposta do Duplamente Venusiana aqui)."

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/delas/2009/10/21/e-hoje-celebre-seu-corpo-no-love-your-body-day/





Dia de Amar Seu Corpo

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Se morio La Negra.

Fotografía de la cantante argentina Mercedes Sosa perteneciente al disco "Mercedes Sosa", serie "Grandes Artístas" editado en Argentina en 1973.


“Pasan los años,
y cómo cambia lo que yo siento;
lo que ayer era amor
se va volviendo otro sentimiento.
Porque años atrás
tomar tu mano, robarte un beso,
sin forzar un momento
formaban parte de una verdad.

Silvio Rodriguez “



Se morio La Negra, a América Latina fica sem voz. O som que dava pano de fundo aos nossos sonhos adolescentes se apagou. A música que embalava nossas bandeiras não canta mais. Hoje o dia amanheceu mais triste, neste pedaço esquecido de América, que se pensou esperança.


Existem coisas que nunca esquecemos, e a voz de Mercedes Sosa que ouvi no rádio a primeira vez, no programa América do Sol, do poeta e cantor Abílio Manoel, “Mi oficio de cantor es el oficio”, versos que entraram em minha alma como ferro em brasa, que arrancaram meus primeiros versos de uma alma seca. Fiz-me poeta na canção. Nem sabia o que era a vida, de tão jovem, mas sabia queria alguma coisa como aquilo, aquela força poderosa que se apoderava de mim cada vez que ouvia aquela voz. O calor que me subia a espinha e me fazia sentir vivo.


Aprendi a tocar toscamente violão, este que carregava como troféu pelas ruas, sob os olhares desconfiados da polícia, pois para os algozes, a arte era algo muito danoso aos jovens. Além de proletário e estudante, queria ser cantor, e do cantor nasceu o poeta. Bastava-me arrastar dedilhados andinos, canções de América, ouvir Tarancon, Raíces de América, me emocionar até as lágrimas, com “volver a los dezessiete”, cantada por La Negra junto com Milton Nascimento, e meus olhos foram ficando cada vez mais profundos, melancólicos, a me recordar como Amanda as canções de Victor Jara. Aprendi o comunismo de uma forma branda, “Hay que endurecer, pero sin perder la ternura”, acreditei por muito tempo na esperança, vivi no tempo que se gastou o medo, de tanto usado. Carregávamos nossas bandeiras vermelhas com fé e orgulho, nosso mundo tinha um destino. Nosso amor era coletivo. Mas sonhos morrem também, e embora demore um pouco, a esperança também se finda. E agora vivemos em uma existência onde foi roubado o amanhã. O que resta ao poeta é saber se findável, e ficar esperando a morte. Como diz o poeta José Carlos Brandão, “escrevo porque vou morrer”.


Hoje minha vitrola está quebrada, e sempre adio o seu conserto, meus discos mofam e se envelhecem. Às vezes por absoluto saudosismo procuro no Youtube algumas daquelas canções, e fico chorando sozinho, pois minha companheira ralha comigo quando escuto canções tristes. Meu amigo o poeta Marcelo Ariel disse que a nostalgia é uma forma de suicídio, corroborado por análises psicológicas, e coisa e tal. E penso que viver só do imediato sem a possibilidade de esperança, de um porvir, é tão morte como a morte, que é melhor desviver ouvindo canções tristes, do que ficar solto na corrente que nunca para. Não deveríamos sobreviver à própria morte.


Ontem, dia 05 de outubro morreu Mercedes Sosa, a mulher que tinha o nome de minha avó, que também já morreu. Nossas referências estão envelhecendo, e morrendo, e nós também ficamos irremediavelmente velhos, logo chegará a nossa vez. Vivemos a trajetória do herói trágico, a de vivermos mais que nossos sonhos. E não ficamos sábios. Um dia um amigo meu disse que a esperança venceu o medo, hoje nem mais o medo temos a nos motivar.



Sorte a poesia também viver de amargor.