terça-feira, 31 de agosto de 2010

olhos cabalísticos


DATA: 10/SETEMBRO/2010




ÀS 19HS.





LANÇAMENTO DOS LIVROS “CABALÍSTICOS” DE EDSON BUENO DE CAMARGO, E “OLHOS DE BARRO” DE JOSÉ GERALDO NERES, COLEÇÃO ORPHEU, EDITORA MULTIFOCO
http://neres-outrossilencios.blogspot.com/2010/08/olhos-cabalisticos.html

domingo, 29 de agosto de 2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

LIVRO versus EBOOK - Quem vence?



Se pensarmos por uma lógica somente mercadológica, isto é a lógica do mercado, é claro que deve haver um ganhador. E será sempre a novidade, ou aquele que a industria cultural decidir que terá mais lucros a partir de suas vendas ou  a venda de periféricos.

Se olharmos pelo aspecto fôlego, o livro impresso em papel, ainda tem bastante. Em primeiro lugar que a própria lógica de mercado exclui várias camadas da população do planeta, portanto o e-book necessita de uma plataforma cara (i-pads e congêneres),  usa  pilhas que tem de ser trocadas, é anti-ecológico,  dá defeito e portanto exige manutenção, e sempre tem um modelo novo a ser considerado, o melhor, etc, etc, e todas as inutilidades vendidas pela mídia. O livro a despeito do seu custo e preço, ainda é mais democrático.

Um segundo aspecto bem relevante, é que o livro é uma novidade de quinhentos anos, portanto muito novo em termos históricos globais. O livro impresso com tipos móveis fez sua revolução, mais barato e acessível que o livro escrito à mão um a um,, feitos em velino caríssimo, popularizou a informação, permitiu a  alfabetização das massas e criou a possibilidade do hiperlink, quando podemos consultar mais de uma obra de cada vez, mais tarde isto foi apreendido e aprimorado pela Internet. 

Outro aspecto relevante: o livro é um objeto tátil, que nos dá controle absoluto, pode ser tocado, cheirado, lambido, abraçado, etc; não dá defeito, está sempre pronto para usar,  pode ser levado a qualquer lugar do planeta, não precisa de pilhas ou cabos, com as devidas adaptações pode ser lido até debaixo da água. 

O livro permite a bibliofilia, e o seu acúmulo indeterminado até proporções insalubres e inseguras. Existem pessoas que moram em barracos de favela com seus milhares de livros adquiridos sabe-se lá de quais formas, amontoados em pilhas, prateleiras, gavetas e o que a imaginação permitir.  A bibliofilia não tem classe social, idade, etnia ou gênero. O livro é algo que pode ser possuído do ponto de vista material. Poder carregar milhares de livros em um flash-card tira toda a graça. 

Existe a preocupação justa e determinante, que não serão editados tudo o que existem em papel em e-book, ficando um hiato para consultas, no mínimo as bibliotecas deverão ter e terão seus exemplares, da mesma maneira que ainda guardamos e consultados escritos antigos nos pergaminhos e em tábuas de argila.
   
Temos que considerar a facilidade que o e-book traz no aspecto  inverso do livro que demanda grandes espaços para sua guarda e manutenção. Novos escritores podem por seus livros á venda ou consulta, sem que não haja nenhum ou quase nenhum custo nisso. Desde que domine as ferramentas adequadas.  Esta guerrinha entre livro e e-book me faz lembrar quando se iniciou a industria do CD, o vinil estava com os dias contados, recentemente li a notícia que uma fábrica de discos foi reaberta, e estava prensando a todo vapor.  Ninguém agora fala em um possível fim do CD, ambos vão conviver por muitos anos.

Quem vencerá, na minha modesta opinião? Nenhum dos dois, ambos os formatos sobreviverão ainda por longos anos.

A palavra busca sua plataforma de lançamento desde idos tempos, primeiro foi a língua, não a linguagem, a de carne mesmo, depois as paredes das cavernas, ossos velhos, cortiça, o tecido, o couro, o pergaminho, o papel e agora o meio eletrônico.

Toda a palavra é poesia, 
e poesia sempre existirá.

domingo, 22 de agosto de 2010

I Mostra de Arte Contemporânea Caiçara - 28 de agosto




Caiçaras celebram a cultura

Em 28 de agosto, artistas de várias áreas se reúnem na Casa da Frontaria Azulejada, no Centro Histórico de Santos

Músicos e compositores, coreógrafos e dançarinos, artistas plásticos, fotógrafos, escritores, intelectuais e representantes de diversas expressões culturais do litoral paulista se reúnem no final de agosto, em Santos, na I Mostra de Arte Contemporânea Caiçara, que acontece no dia 28, sábado, a partir das 14 horas, na Casa da Frontaria Azulejada, no Centro Histórico.

O objetivo da Mostra é celebrar a arte por meio do encontro entre manifestações tradicionais e obras mais ligadas à vanguarda, bem como fortalecer a produção artística local na busca de expressão universal. A idéia é apresentar ao público em um só local uma série de produções artísticas e reflexões sobre a arte produzida na região e sua relação com a identidade local.

“Queremos resgatar nossas tradições e misturá-las ao contemporâneo, estimular a pesquisa e a criação artística, a produção, o intercâmbio e a difusão cultural, conectar a expressão artística regional à global e oferecer ao público uma intervenção entre música, dança, teatro, literatura, circo e artes visuais em evento de improvisação coletiva”, afirma Márcio Barreto, do Percutindo Mundos, grupo de música caiçara contemporânea, e curador da mostra.

A programação começa com uma atividade para crianças e adolescentes, simultaneamente às exposições visuais: “Olhares Marítimos” que reúne fotografias de Biga Appes, Adilson Félix, Márcio Barreto, Raquel Ramires, Isabel Nascimento e Christina Amorim. Estarão na mostra as esculturas “Aluminarte”, de Anak Albuquerque e Giovane Nazareth (Cubatão /SP)e também os trabalhos de Chico Melo (Ateliê 44 - Santos /SP)) e Cris Oliveira com suas esculturas em areia, “ A Incrível Arte do Equilíbrio”, de Galeno Malfatti (São Vicente /SP), e “Arte DuLixo”, de Tubarão, mais a gravura “Valongo”, de Fabrício Lopez (Estúdio Valongo), “Cores no Dique” e "Sobre Mar Madeira e outros Animais" , arte visual de Maurício Adinolfi com Luciana Ramim e Gabriel Netto, “Retratos” da artista gráfica Nice Lopes, os cartazes do Coletivo Action, com a série “Supremacia Caiçara”, a arte de Evelise Aguião e o grafite de Valério da Luz (Ateliê 44)e Hugo Leal (Interagestudio).

Das artes cênicas e circenses, o evento apresentará “Ciranda Caiçara”, projeto que une arte e meio ambiente (Escola Municipal Lucio Martins Rodrigues - São Vicente /SP), “Pagu Mulher” com Maíra de Souza e o grupo Gaia´thos e Escola Livre de Circo da Oficina Regional Cultural Pagu (Santos /SP), a atriz Christy-Ane Amici (“Atro Coração” - Teatro Canoa). Depois se apresentam os índios Guarani Mbya da Aldeia Paranapuã de São Vicente.

Para refletir sobre a identidade da região, o jornalista Alessandro Atanes, mestre em História Social, faz a miniconferência “Caiçara, Portuário, Oceânico”, com inserção de canções do projeto “Rota Literária”, sobre como a arte e a literatura mostram a região.

Às 18 horas, começa uma nova série de apresentações: Meire Berti e o Coral Fosfértil Baixada Santista apresentam “Indianismos”, a dançarina e coreógrafa Célia Faustino mostra a coreografia “Exílios: Cartas ao Vento”; outras coreografias são de Rita Nascimento, “Palavras ao Mar”, Erika Karnouchovas com "O corpo como cenografia do eu" junto com os perfomers Ildefonso Torres Filho, Aline Cassiane, Natan Brith, Andrea Azevedo, Fabiana Miler e Tabata Barboza e videoinstalação do videomaker e jornalista, Eduardo Riccie. A bailarina e escritora (doutotra em pedagogia pela USP)Kiussam de Oliveira apresenta “Afrodescendência” e Poliana Nataraja com sua Arte Visionária, fundindo arte e espiritualidade.Fernanda Carvalho apresentará oficina de improvisão em dança, preparando o público para a intervenção coletiva do evento.

Entre os escritores, Flávio Viegas Amoreira apresenta trechos de “Escorbuto” e José Geraldo Neres (Santo André /SP) lê “Outros Silêncios”, além de Ademir Demarchi, editor da revista Babel, Jap Krichinak do Museu de Arte Popular de Diadema,Edson Bueno de Camargo (Mauá /SP), Lucas Carrasco (São Paulo /SP)e Marcelo Ariel (Cubatão /SP), que acaba de lançar o livro de poesia “Conversas com Emily Dickinson”.

Com participação do compositor Gilberto Mendes, as atrações musicais reúnem Zéllus Machado e Trio Kaanoa (música caiçara), o pianista Tarso Ramos, a compositora Carla Fá, Percutindo Mundos - O Universo em Movimento, com sua Música Caiçara Contemporânea, Mirianês Zabot (São Paulo /SP), Olhos de Carla com Daniel Mac Adden Jr e João Maria, a discotecagem do Futuráfrica com o DJ Lufer, Henrique Crispim (São Paulo /SP) e o grupo Sidarta com Rogério Baraquet.

Às 21h30, para encerrar a Mostra, artistas e público interagem em uma intervenção multimídia, reunindo música, teatro, dança, literatura e artes visuais criando uma obra coletiva.

O curador Márcio Barreto explica a iniciativa de reunir vários artistas em um só evento: “A I Mostra de Arte Contemporânea Caiçara justifica-se pela necessidade de promover reflexões e debates sobre identidades culturais e sua importância para o cenário mundial, assim como assegurar e difundir o rico patrimônio artístico caiçara e sua relação com o global”. No ensejo da Mostra será debatido a instituição do "Dia do Caiçara" no calendário oficial de Santos e a arrecadação de mantimentos para a aldeia dos índios Guarani Mbyá de Paranapuã, São Vicente /SP. Gilberto Mendes será homenageado pelo conjunto e profundidade de sua obra.

Realização:
Márcio Barreto (Instituto Ocanoa/Projeto Canoa – São Vicente / Brasil).

Apoio

Marta Molina (Artefacto Cultural – Barcelona /Espanha).
Natalia Freire (Instituto CAE – Santos /Brasil).
Secretaria de Cultura de Santos,
Secretaria de Cultura de São Vicente,
Secretaria de Cultura de Cubatão,
Fundação Arquivo e Memória de Santos,
Oficina Cultural Regional Pagu,
Instituto CAE - Vozes da Senzala,
Instituto de Pesca de Santos,
Instituto Artefato Cultural,
Instituto Camará - Ponto de Cultura (São Vicente / SP),
Revista Pausa.



Divulgação:
Alessandro Atanes e Márcia Costa (Revista Pausa e Instituto Artefato Cultural)


Márcio Barreto

www.percutindomundos.blogspot.com
www.atrocoracao.blogspot.com
www.myspace.com/percutindomundos
www.institutoocanoa.org

tels.: 13-34674387 / 13-91746212

sábado, 21 de agosto de 2010

OLHOS CABALÍSTICOS - 10/SETEMBRO/2010 - Casa da Plavra - Escola Livre de Literatura



OLHOS CABALÍSTICOS


DATA: 10/SETEMBRO/2010

ÀS 19HS.

LANÇAMENTO DOS LIVROS “CABALÍSTICOS” DE EDSON BUENO DE CAMARGO, E “OLHOS DE BARRO” DE JOSÉ GERALDO NERES, COLEÇÃO ORPHEU, EDITORA MULTIFOCO

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MESA CRÍTICA:

ABERTURA: SECRETARIO DE CULTURA E LAZER DE SANTO ANDRÉ

(À CONFIRMAR);

COMENTÁRIOS DO REPRESENTANTE DA COLEÇÃO ORPHEU

(À CONFIRMAR);

CLAUDIO WILLER | DEISE ASSUMPÇÃO|  ELIZABETH BRAIT ALVIM | ELIZABETH ROBIN ZENKNER BROSE

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INTERVENÇÃO MUSICAL BASEADA NOS LIVROS:

PERCUTINDO MUNDOS | HENRIQUE KRISPIM

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INTERVENÇÃO CORPORAL:

CÉLIA FAUSTINO

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LEITURAS DE FRAGMENTOS DA OBRA PELOS ATORES:
CARLOS MOREIRA |IVAN AUGUSTO |SÉRGIO PIRES | VANESSA CASTRO

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EM SEGUIDA: AUTÓGRAFOS.



Local: CASA DA PALAVRA – ESCOLA LIVRE DE LITERATURA
PRAÇA DO CARMO, 171, CENTRO – SANTO ANDRÉ, SP.
TELEFONE: (11) 4992-7218.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Twitter : Diálogo sobre poesia - Jornal do Juareiz -



http://blig.ig.com.br/juareizcorreya/

Jornal do Juareiz

Informações dos meus blogs em outros portais. Divulgação de literatura, jornalismo, arte e cultura em geral.
20/08/2010 - 08:58

Twitter : Diálogo sobre poesia

O poeta paulista Edson Bueno de Camargo, de Mauá, região do Grande ABC de São Paulo (SP), é autor dos livros DE LEMBRANÇAS E FÓRMULAS MÁGICAS, O MAPA DO ABISMO E OUTROS POEMAS e POEMAS DO SÉCULO PASSADO (1982-2000) e publica, desde abril de 2006, um excelente blog de poesia – AFAGAR OS PELOS DE UMA LAGARTA DE FOGO  http://umalagartadefogo.blogspot.com) na Internet. No seu Tuite - http://twitter.com/camargoeb – divulga e comenta poetas, poemas e acontecimentos culturais da sua Mauá e da Região do Grande ABC paulista. Tuitou,ontem (19/agosto), este comentário : 

“Está certo ele, ninguém leva poetas a sério mesmo. RT@katembe Moçambique : Poeta Patraquim lança-se na prosa.” (camargoeb)

Escrevi logo no meu tuite :
“@camargoeb : Poeta, prosa é criação menor, você sabe disso. Patraquim está só variando… Toda prosa quer mesmo ser poesia.”

E completei :
“@camargoeb : Poeta, quem não leva poesia a sério não quer saber da verdade, despreza a palavra mais humana da existência.”  http://twitter.com/juareizcorreya)

Instantaneamente ele escreveu :
“camargoeb@juareizcorreya : Só estava destilando um pouco de amargura. Como já disse o Valter Franco POESIA É TUDO, O RESTO É PROSA.”  http://twitter.com/camargoeb)

Não resta dúvida : a Internet vai salvar a Poesia.
 

JUAREIZ CORREYA
(Recife, PE)
 
 
Autor: panamericanordestal@ig.com.br - Categoria(s): letras, leituras
 
 

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Jornal Correio do Sul - Coluna Diversos Caminhos - Zanoto - 13 de agosto de 2010

Está de volta á ativa o velho jornalista e bom amigo, Zanoto, que depois de um susto que deu nas pessoas queridas, retorna. 
Zanoto, e o Jornal Correio do Sul onde escreve,  é de longe a pessoa e jornal que mais me publicaram em formato impresso, dando-me uma deferência que não mereço definitivamente, mas que pelas circunstâncias da mídia em relação a poesia e os poetas no Brasil ,  não posso me fazer de rogado e recusar de forma alguma.  

Sua coluna no Jornal correio do sul de Varginha, sempre tem espaço para escritores novos e nem tão prestigiados por este Brasil afora, além de claro sermos brindados com sua edição e diagramação muito própria,  peculiar e anárquica


http://www.correiodosul.com/

Vida longa a Zanoto e seu Diversos Caminhos. 

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Impressões sobre a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo




Lançar um livro na Bienal do livro é algo curioso. Estar em um ambiente que é estranho ao resto do mundo à sua volta, aqui são quase todos leitores ou curiosos. Os freqüentadores tem uma relação diferente e outra percepção quanto ao livro, difere da maioria das pessoas do país. Na Bienal, o livro, não é um corpo estranho, é a vedete. Nos nossos brasis afora, a leitura não é algo tão prioritário, as pessoas estão ocupadas em nascer e viver.

No entanto, um único livro some dentro de um mar de livros e estantes, é só mais um entre milhões, um título novo compete em grande desvantagem, mesmo não sendo o autor um estreante na literatura. Há livros para todas as atenções e gostos, de “a” a “z”, do sonho ao pesadelo, mas principalmente, há um pesado marketing editorial em processo, sentimos o peso da palavra indústria, é uma aldeia de grandes feras. As editoras estão ali não para vender o produto livro, somente, mas a sua marca, a sua fisionomia ( e capacidade de vender livros para o governo).

É uma grande vitrine, e senta-se o autor em lançamento em uma mesa em destaque no estande, com livros a mostra, crachá com a palavra autor no peito. Fica-se a mostra como em um micro-zoológico, “nossa então esse é o tal do autor”, “ você escreve só poesia ou faz literatura também”, sorrimos simpaticamente, convidamos a pessoa a se aproximar, falamos do livro, do fato do autor ser uma pessoa comum ao mundo dos humanos, mas há tanta coisa a ser olhada e vista, que logo deixamos de despertar interesse, não somos necessariamente um bom produto, nossa embalagem velha e enferrujada não atrai todos os bons olhos. Muitos estudantes do fundamental circulam pelos estandes, história em quadrinhos e livros de terror e vampiros, são muito interessantes.

Ali naquele momento o autor pouco conhecido do público, acaba sendo tão comum como os livros vendidos, um pelo outro, só pela capa, são todos iguais, livros são livros, todos são poetas, todos são profetas do apocalipse, profetas da chuva, etc. Somente os grandes fundamentados na mídia tem seus momentos de glória, comediantes, humoristas de stand-up, um ator global que lançou um livro, o onipresente autor de best-sellers, o colunista do jornal tal, a cantora ou cantor de rock, a prostituta aposentada, mas ainda jovem. No mais, somos todos muitos autores em busca de um pouco de atenção, mendigos de ávidos leitores, nosso pregão é a palavra e o que buscamos, os leitores, mesmo neste mar de livros, é mercadoria rara.

Um ou outro pega o livro, folheia, elogia a capa, lê coisa ou outra, e logo passa para o próximo estande, há muitos para olhar. Além do que, ali na esquina tem uma livraria que está queimando o estoque, dois por um. Na outra tem apresentação de circo, e atores palhaços tentam desesperadamente, manter a atenção das crianças.

A poesia já é uma órfã estilhaçada no mundo dos leitores assíduos e acadêmicos, aqui fica a deriva em um mar de títulos e tratados, uma garrafa de náufrago com mensagem dentro que foi enterrada pela maré. Mesmo grandes poetas não tem muito espaço nas estantes, imagine um poeta suburbano, laçando um livro por uma editora carioca. Mas meus poemas estão bem alojados dentro do livro, e como já me disse Cláudio Willer, livros têm mais fôlego do que parece, viajam de mão em mão, vão até onde nem podemos imaginar, e pasmem são lidos.

No geral foi bom, me diverti bastante, conheci novos amigos, reforcei velhas amizades, comprei livros infantis para meu neto, mais um que está perdido no mundo das palavras. Faz muito bem ao ego, vou poder dizer para o resto de minha vida que lancei um livro na 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. No fim, só nos restarão lembranças mesmo, e nossas histórias vão ficando melhores e melhores com o tempo, pois a idade nos põe a lembrar de coisas que não aconteceram, e roubar memórias alheias, a narrativa fica muito mais rica.

De resto, fica a sensação peculiar, que soltei barcos de papel em um porto muito grande, em meio a transatlânticos fundeados.


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Papo de poeta entre Cláudio Willer e Edson Bueno de Camargo no DGABC - 09/08/2010

http://www.dgabc.com.br/Columnists/Posts/62/4382/Papo%20de%20poeta.aspx

Literárias

Papo de poeta

09/08/2010

Claudio Willer, importante poeta e ensaísta brasileiro, lança nesta semana o livro Um Obscuro Encanto: Gnose e Poesia Moderna

Claudio Willer, importante poeta e ensaísta brasileiro, lança nesta semana o livro Um Obscuro Encanto: Gnose e Poesia Moderna. A convite da coluna, o também poeta Edson Bueno de Camargo, de Mauá, travou diálogo a respeito da nova obra.
O livro é a tese de doutorado em Letras que Willer apresentou à USP em 2008. É uma versão editada. Examina as doutrinas gnósticas e trata de suas conexões com vários autores. Trechos da conversa:

Camargo: Vivemos hoje um momento em que a sociedade pode chamar de racional, onde aparecem poetas cerebrais, preocupados mais com a forma do que com a carga de significados. Acredita que ainda exista espaço para o misticismo na poesia, ou os poetas xamãs se extinguiram com a recente morte de Roberto Piva?

Willer: De fato, a cena poética é dominada pelo que chamo, ironicamente, de ‘poetas inteligentes'; aqueles que enxergam criação poética como algo da competência exclusiva do ‘cógito' cartesiano. Mas, nos últimos anos, tem aparecido novos poetas, de qualidade, que se expressam preferencialmente no modo não-discursivo. Não por acaso, leitores de Roberto Piva. Serão um capítulo de uma história futura da poesia brasileira.

Camargo: Existem poetas como José Geraldo Neres, de Santo André, com uma poesia complexa, com muitos atributos da natureza. Poderíamos dizer que ele está próximo a uma poesia com características de um misticismo moderno, em um movimento sincrético?

Willer: Neres é exemplar. É paradigmático, pelo modo como representa essa renovação poética. Sincretismo, sim: filosófico e literário. Não é o único. Outros representam essa tendência, você inclusive.

Camargo: O que há no livro da pessoa Claudio Willer? Existem motivos místicos para a escolha do assunto?

Willer: Motivos místicos? Não no sentido de uma adesão a uma doutrina. Sim, se entendidos como equivalentes à valorização da intuição, do conhecimento revelado através da experiência poética. Meus principais motivos foram a curiosidade, querer saber mais, a inquietação. Minha principal contribuição, penso, foi mostrar como esses vínculos com o gnosticismo são diferentes em cada poeta. Poetas não são ideólogos, não são doutrinadores, insisto. Nesse sentido que meu livro pode contribuir, espero, para a leitura da poesia.

LANÇAMENTOS

Willer lança Um Obscuro Encanto (Civilização Brasileira) na quarta-feira, às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2.073, São Paulo).
Já Bueno de Camargo tem dois compromissos. Faz pré-lançamento de seu livro Cabalísticos (Orpheu), no dia 16, às 14h, na Bienal do Livro de São Paulo. No mesmo evento, mas no dia 22, às 19h, o poeta de Mauá participa da noite de autógrafos coletiva de Antologia do I Concurso de Poesia Amigos do Livro - Flipoços de 2010. A Bienal será no Pavilhão de Exposições do Anhembi.SC900,115
E-mail para a coluna: nelsonalbuquerque@dgabc.com.br


Mais de Cláudio Willer e  
Um Obscuro Encanto (Civilização Brasileira):
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2997121.xml&template=3898.dwt&edition=15245&section=1029


http://antenacrista.blogspot.com/2010/08/misticismo-e-literatura-o-fascinio-da.html

http://inventariodn.blogspot.com/2010/08/conversa-sobre-o-novo-livro-de-claudio.html

Coleção Orpheu, o que é?




http://editoramultifoco.pagina-oficial.com/orpheu/

http://editoramultifoco.pagina-oficial.com/orpheu/?m=201008

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

I PRÊMIO LITERÁRIO CIDADE POESIA - 2009 - Série Poemas Premiados

deserto



formigas carregam
o amarelo
que um dia
foi trazido pelo vento

observado bem de perto
o meio fio
é um deserto de pedras vermelhas
aridez de obstáculos ardentes
tudo é sólido granito

mesmo depois de nossa espécie extinta
as formigas carregarão
as flores caídas na rua




I PRÊMIO LITERÁRIO CIDADE POESIA – poema classificado em 16º para publicação em antologia - Poesia: Deserto - promovido pela Associação de Escritores de Bragança Paulista - ASES em parceria com a Prefeitura Municipal de Bragança Paulista, por intermédio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Bragança Paulista - 2009.


Prêmio Literário Cidade Poesia - 2010 - pág. 62

II Concurso Nacional de Poesias Cabeça Ativa - 2009 - Série Poemas Premiados


trinta e sete rosas



trinta e sete rosas
explodem para o sol

luzem o branco de dunas
ventre de sal corrosivo
fantasmas das velhas salinas
o casco de velhos vapores

mal a haste as sustentam

zombam da gravidade
esperando a gravidez
sexo esbelto e formoso
em busca da fecundação




II Concurso Nacional de Poesias Cabeça Ativa –Classificação entre os doze poemas selecionados e publicados em calendário poético do ano de 2010 - Cabeça Ativa produções Culturais – São Vicente - SP- 2009

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Conversa sobre o novo livro de Cláudio Willer, Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e poesia moderna



Conversa sobre o novo livro de Cláudio Willer, Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e poesia moderna, publicado pela editora Civilização Brasileira. O livro tem 462 páginas. Trata-se da versão editada (com alguma redução e também acréscimos) da tese de doutorado em Letras de Willer, apresentada à USP em 2008. Na primeira parte, examina e discute as doutrinas gnósticas; na segunda, trata de suas conexões, heterodoxas e paradoxais, com uma diversidade de autores, do Romantismo até hoje: William Blake, Novalis, Nerval, Baudelaire, Rimbaud, Lautréamont, Mallarmé, Pessoa, Breton e surrealistas, Dario Veloso, Hilda Hilst etc.


Edson Bueno de Camargo - Este livro é muito esperado, principalmente por pessoas que como eu, participaram de oficinas literárias que você ministrou. De uma certa forma, recebemos uma parte de sua tese de doutorado, enquanto esta era constituída, em conversas que iam muito além de certas pós-graduações. Vivemos hoje um momento em que a sociedade pode chamar de racional, onde aparecem poetas cerebrais, preocupados mais com a forma do que com a carga de significados. Que tiram da poesia esta aura mística que existe desde o princípio das coisas. Acredita que ainda exista espaço para o misticismo na poesia, ou os poetas xamãs, se extinguiram com a recente morte do poeta Roberto Piva, criando um hiato para a poesia com um cunho místico?


Cláudio Willer - Que meu livro corresponda à sua expectativa. De fato, a cena poética é dominada pelo que chamo, ironicamente, de “poetas inteligentes”; aqueles que enxergam criação poética como algo da competência exclusiva do “cógito” cartesiano, das funções racionais em seu sentido mais estrito. Isso é determinado, em boa parte, por um viés da crítica, reforçado pela contribuição do nosso ensino, especialmente de Letras, à burocratização do saber. Mas é evidente que há espaço para concepções mais visionárias, ou místicas, como você diz, da poesia. E mais: de uns quinze anos para cá, e mais nitidamente nos últimos cinco anos, tem aparecido novos poetas, de qualidade, que se expressam preferencialmente no modo não-discursivo. Não por acaso, leitores de Roberto Piva, dando prosseguimento à sua decisiva contribuição. Serão um capítulo de uma história futura da poesia brasileira.

Edson Bueno de Camargo - Existem poetas como o José Geraldo Neres, aqui de Santo André, com uma poesia complexa, formada por imagens poéticas, com sua estrutura muito próxima ao surrealismo, com muitos atributos da natureza, como a água que perpassa em muitos de seus poemas. Poderíamos dizer que o José Geraldo está próximo à uma poesia com características de um misticismo moderno, em um movimento sincrético?

Cláudio Willer - Neres é exemplar. É paradigmático, pelo modo como representa essa renovação poética. Você observa com precisão algumas características importantes de sua escrita. Correspondem a uma filosofia da natureza que também é uma mística da natureza. De um misticismo leigo, profano, não-teísta, fora do quadro das religiões institucionais. Sincretismo, sim: filosófico e literário. Não é o único – outros representam essa tendência, você inclusive, e mais alguns poetas nossos amigos ou interlocutores.


Edson Bueno de Camargo - Como é a gestação de um livro com 462 páginas? Escrever para uma tese é o mesmo que conceber um livro autoral? O livro já era uma idéia concebida durante as pesquisas e estudos da tese?

Cláudio Willer - Em um comentário publicado outro dia (na Tribuna do Norte, de Natal), o autor observa que Um obscuro encanto é tão bom, tão legível, que nem parece uma tese... Escrevi com muita naturalidade. E intercalando com outras produções – na mesma época, publiquei um livro de poesia, preparei uma série de ensaios sobre surrealismo (que saíram naquele livrão da Perspectiva), e o extenso posfácio para o volume 1 do Piva pela Globo. Pretendia escrever sobre poesia e ocultismo – quando me dei conta de que isso chegaria a mil páginas ou mais, e me tomaria uma década, focalizei gnosticismo, uma espécie de capítulo primeiro das filosofias ocultas na tradição ocidental. Fui recolhendo muito do que já havia lido, refletido e até mesmo escrito. No prefácio para minha edição de Lautréamont, de 1997, há observações sobre sua afinidade com o gnosticismo. Sobre Hilda Hilst e gnosticismo, já havia comentado em 1987, ao resenhar Com os meus olhos de cão – e Hilda, soube recentemente, corroborou esse meu comentário. Em minha narrativa em prosa Volta, lançada em 1996, os dois capítulos finais, onde relato a palestra que dei em um encontro de ocultistas em 1985, já são uma sinopse da minha tese. Inscrever-me em um doutorado direto, como bolsista, foi a oportunidade para avançar em um tema que, como pode ser visto, já me interessava há tempos.

Edson Bueno de Camargo - O que há no livro da pessoa Cláudio Willer? Existem motivos místicos para a escolha do assunto, tanto da tese de doutorado e o posterior livro?

Cláudio Willer - Motivos místicos? Não no sentido de uma adesão a uma doutrina. Sim, se entendidos como equivalentes à valorização da intuição, do conhecimento revelado através da experiência poética. Meus principais motivos foram a curiosidade, querer saber mais, a inquietação. A vontade de cobrir um vazio que percebi em obras como História da filosofia oculta, de Alexandrian, na qual as ligações de poesia com ocultismo e gnosticismo são apenas sugeridas; ou de O oculto de Colin Wilson, que aborda o tema, porém de modo assistemático. Fui provocado, principalmente, por Octavio Paz em Os filhos do barro, com seu destaque para a importância de ocultismo, hermetismo, e por extensão do gnosticismo, na formação de Baudelaire e de poetas românticos, simbolistas e surrealistas, questionando os preconceitos positivistas e cristãos contra o exame desse tema.
A ligação com gnosticismo já havia sido observada, de um modo ou de outro, por estudiosos dos poetas que examino - William Blake, Novalis, Nerval, Baudelaire, Rimbaud, Lautréamont, Mallarmé, Pessoa, Breton e surrealistas, Dario Veloso, Hilda Hilst etc. Minha principal contribuição, penso, foi mostrar como esses vínculos com gnosticismo são diferentes em cada poeta; como são pessoais, heterodoxos. Poetas não são ideólogos, não são doutrinadores, insisto. Nesse sentido que meu livro pode contribuir, espero, para a leitura da poesia. 






"Caros oficineiros, 

Com especial satisfação, convido a todos para o lançamento e sessão de autógrafos do meu novo livro, Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e poesia moderna, publicado pela editora Civilização Brasileira.

LOCAL: Será na Livraria Cultura (Loja Record) do Conjunto Nacional, à Av. Paulista  2073.

DATA: Dia 11 de agosto, quarta-feira, a partir das 19 h.

O livro tem 462 páginas, e já está à venda por R$ 59,90. Trata-se da versão editada (com alguma redução e também acréscimos) da minha tese de doutorado em Letras, apresentada à USP em 2008. Na primeira parte, examino e discuto as doutrinas gnósticas; na segunda,  trato de suas conexões, heterodoxas e paradoxais, com uma diversidade de autores, do Romantismo até hoje: William Blake, Novalis, Nerval, Baudelaire, Rimbaud, Lautréamont, Mallarmé, Pessoa, Breton e surrealistas, Dario Veloso, Hilda Hilst etc.Agradeço retransmissão e outros modos de divulgação, bem como as boas leituras, comentários inteligentes e demais manifestações de interesse e simpatia,

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Cláudio Willer"