segunda-feira, 23 de agosto de 2010

LIVRO versus EBOOK - Quem vence?



Se pensarmos por uma lógica somente mercadológica, isto é a lógica do mercado, é claro que deve haver um ganhador. E será sempre a novidade, ou aquele que a industria cultural decidir que terá mais lucros a partir de suas vendas ou  a venda de periféricos.

Se olharmos pelo aspecto fôlego, o livro impresso em papel, ainda tem bastante. Em primeiro lugar que a própria lógica de mercado exclui várias camadas da população do planeta, portanto o e-book necessita de uma plataforma cara (i-pads e congêneres),  usa  pilhas que tem de ser trocadas, é anti-ecológico,  dá defeito e portanto exige manutenção, e sempre tem um modelo novo a ser considerado, o melhor, etc, etc, e todas as inutilidades vendidas pela mídia. O livro a despeito do seu custo e preço, ainda é mais democrático.

Um segundo aspecto bem relevante, é que o livro é uma novidade de quinhentos anos, portanto muito novo em termos históricos globais. O livro impresso com tipos móveis fez sua revolução, mais barato e acessível que o livro escrito à mão um a um,, feitos em velino caríssimo, popularizou a informação, permitiu a  alfabetização das massas e criou a possibilidade do hiperlink, quando podemos consultar mais de uma obra de cada vez, mais tarde isto foi apreendido e aprimorado pela Internet. 

Outro aspecto relevante: o livro é um objeto tátil, que nos dá controle absoluto, pode ser tocado, cheirado, lambido, abraçado, etc; não dá defeito, está sempre pronto para usar,  pode ser levado a qualquer lugar do planeta, não precisa de pilhas ou cabos, com as devidas adaptações pode ser lido até debaixo da água. 

O livro permite a bibliofilia, e o seu acúmulo indeterminado até proporções insalubres e inseguras. Existem pessoas que moram em barracos de favela com seus milhares de livros adquiridos sabe-se lá de quais formas, amontoados em pilhas, prateleiras, gavetas e o que a imaginação permitir.  A bibliofilia não tem classe social, idade, etnia ou gênero. O livro é algo que pode ser possuído do ponto de vista material. Poder carregar milhares de livros em um flash-card tira toda a graça. 

Existe a preocupação justa e determinante, que não serão editados tudo o que existem em papel em e-book, ficando um hiato para consultas, no mínimo as bibliotecas deverão ter e terão seus exemplares, da mesma maneira que ainda guardamos e consultados escritos antigos nos pergaminhos e em tábuas de argila.
   
Temos que considerar a facilidade que o e-book traz no aspecto  inverso do livro que demanda grandes espaços para sua guarda e manutenção. Novos escritores podem por seus livros á venda ou consulta, sem que não haja nenhum ou quase nenhum custo nisso. Desde que domine as ferramentas adequadas.  Esta guerrinha entre livro e e-book me faz lembrar quando se iniciou a industria do CD, o vinil estava com os dias contados, recentemente li a notícia que uma fábrica de discos foi reaberta, e estava prensando a todo vapor.  Ninguém agora fala em um possível fim do CD, ambos vão conviver por muitos anos.

Quem vencerá, na minha modesta opinião? Nenhum dos dois, ambos os formatos sobreviverão ainda por longos anos.

A palavra busca sua plataforma de lançamento desde idos tempos, primeiro foi a língua, não a linguagem, a de carne mesmo, depois as paredes das cavernas, ossos velhos, cortiça, o tecido, o couro, o pergaminho, o papel e agora o meio eletrônico.

Toda a palavra é poesia, 
e poesia sempre existirá.

2 comentários:

José Carlos Brandão disse...

No começo da história, aliás, antes da história, os nossos ancestrais escreviam poesia nas paredes das cavernas. (Iluminavam o seu mundo de sombras.) Aqueles de quem seremos ancestrais estranharão a forma como/ onde escrevemos? Talvez, mas continuarão, por sua vez, porque não paramos (Iluminamos as sombras do nosso mundo, sobrevivemos.), a escrever.
Abração.

Edson Bueno de Camargo disse...

Somos daqueles que isso já deixou de ser escolha a muito tempo.
A hora de pular fora do barco já chegou e foi embora a tempo.