Dois poetas da região, o andreense José Geraldo Neres e o mauaense Edson Bueno de Camargo, lançam hoje, às 19h, na Casa da Palavra, em Santo André, seus respectivos livros: Olhos de Barro e Cabalísticos (ambas da editora Multifoco, preço médio R$ 30).
Segue à noite de autógrafos mesa crítica com Claudio Willer, Deise Assumpção, Elizabeth Brait Alvim e Elizabeth Robin Zenkner Brose, além de intervenções musical e corporal.
Olhos de Barro, terceiro livro de Neres, partiu da imagem de uma boca que não tinha rosto nem nome, percorrendo uma casa aberta de quatro cômodos, sem conseguir sair do ambiente. Memórias da infância foram percorrendo esse fio de imagem e a dotá-lo de sentido para depois torná-lo poesia.
"Algumas obras me ajudaram a compor, entre elas os livros Octavio Paz, Murilo Mendes e Alice, de Lewis Carroll. Não existe criação no vazio", diz Neres.
Às memórias da infância agregaram-se os elementos da natureza e a poesia tomou corpo de prosa poética. "A infância aparece como símbolo de aprendizado, representando o momento em que estamos abertos a tudo."
Nem só as belas memórias de infância, carregadas de afeto, compõem o olhar para esta fase do escritor. "O livro tem um lado um tanto cruel, de lançar olhar para as transformações representadas neste período, para a busca por viver e não ter nenhuma dúvida de que ficou algo para trás. Ao mesmo tempo é uma infância que provoca, que quando você revisita, pode se tornar criador, dotar de outro sentido essa vivência, aperfeiçoar sua essência através deste caminho", completa Neres.
Cabalísticos nasceu com base na ideia do sagrado feminino. O título sugere a busca dos sinais que representam essa ideia, que por mais que estejam à vista, não são traduzidas tão facilmente. "Fui percebendo que no surgimento da humanidade o espaço do sagrado era da mulher, mas, ao longo do tempo, passou para o homem. Em todas as religiões, até nas mais machistas, esse feminino existe. No cristianismo, por exemplo, é Maria", conta Camargo.
A musa sagrada, nesta obra, toma corpo e forma poéticos. "A poesia é o sagrado feminino, porque é como uma mãe, que tem o dom de gerar a vida e trazer compaixão ao mundo combativo que vivemos hoje", finaliza Camargo.
Lançamento dos Livros Cabalísticos e Olhos de Barro - Literatura. Na Casa da Palavra - Praça do Carmo, 171, Santo André. Tel.: 4992-7218. Hoje, às 19h. Grátis.
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