quarta-feira, 21 de julho de 2010

Oliveira, Gracco - REFÉM DAS IDEIAS – Editora Celta – Diadema – SP – 2009



Oliveira, Gracco - REFÉM DAS IDEIAS – Editora Celta – Diadema – SP – 2009





Um livro para ser lido em uns quinze minutos, parece depreciativo, mas não é. O livrinho de Gracco Oliveira, em suas cinqüenta e poucas páginas, tem esta característica dinâmica, de uma fruição rápida, frases tomadas de assalto, de saca mais rápido. Uma pequena aventura literária que assim terminada, leitura de ponta a ponta, engatamos em uma nova, logo na seqüência. Poemas curtos, mas com grande densidade, laboriosos, trazendo a marca do esmeril de grande artesão das palavras. Alguns para ficar a pensar, dos quais destaco o poema “CALVINISTA”, de longe o meu preferido, que além de carregar grande significado é de uma beleza plástica ímpar, um ato lúdico das crianças soltas nas ruas de nossas cidades a se transformar em uma lição de filosofia. Tomando a lição de Gaston Bachelard, que em um de seus ensaios, atenta que o filósofo deve aprender com o poeta, que faz filosofia, mas com concisão de idéias. Ou mais ainda, uma construção a nos lembrar que a razão da arte, será sempre a de buscar o belo.

Textos bem humorados, críticos, narcisistas, políticos, sociais, costuram a leitura o tempo todo. Diadema tem sido um grande celeiro de bons poetas, ou um local de passagem da grande literatura. Gracco Oliveira vem a acrescentar mais um nome e com uma grande vantagem, é uma pessoa jovem, e portanto um poeta jovem, destes com a capacidade de ler mais e escrever mais, se aprimorando a cada dia. Gracco não é destes nossos escritores que ficam presos a fórmulas e repetições intermináveis. Não há como definir de imediato o que são: micro-contos, crônicas, prosa poética, ou tudo isto junto, e ao mesmo tempo e agora. Faz o uso de uma linguagem mais solta, mas sem deixar de ter um compromisso com a linguagem. É fiel as estruturas da língua e acrescenta um tom coloquial em certos momentos. Metalingüístico, dialoga com o leitor o tempo todo, e faz uma advertência ao final de sua apresentação pessoal, “Não pague o resgate”, a qual não sabemos se devemos obedecer ou não. Estará o poeta, eternamente preso e refém das idéias? Ou quer que o leitor se liberte de idéias preconcebidas através da poesia?



(Para saber mais de Gracco Oliveira  -  
http://refemdasideias.blogspot.com/)

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